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Pesquisa indica o que o mercado espera encontrar nos profissionais de jornalismo ao saírem do ensino superior Passados cinco anos após a derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da exigência do diploma para exercer a função de jornalista, a formação desses profissionais passa cada vez […]
Publicado em 22/10/2014
Pesquisa indica o que o mercado espera encontrar nos profissionais de jornalismo ao saírem do ensino superior
Passados cinco anos após a derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da exigência do diploma para exercer a função de jornalista, a formação desses profissionais passa cada vez mais a ser ditada pelo viés do mercado. Para discutir o papel do profissional de comunicação na era da convergência digital, a revista Negócios da Comunicação em parceria com o Centro de Estudos da Comunicação (Cecom) realizou em setembro, na capital paulista, um seminário para apresentar a pesquisa desenvolvida pela Fundamento Análises – braço de estudos de mercado do grupo Fundamento –, que traçou o perfil desses novos profissionais.
De acordo com Érica Rangel, gerente de mensuração e pesquisa da Fundamento Análises, que apresentou os resultados da pesquisa, o objetivo do estudo era investigar as principais habilidades exigidas pelo mercado dos profissionais de comunicação. “A ideia era desmistificar essa lenda urbana de que a faculdade não prepara bem o profissional para o dia a dia do mercado”, pontuou a especialista.
Entre os conhecimentos e habilidades desejáveis para os profissionais da área apontados pelas empresas o estudo destacou em primeiro lugar a fluência na língua portuguesa, além de possuir as ferramentas necessárias para realizar uma apuração de qualidade e ter boa redação. Segundo a pesquisa, os empregadores apontaram ainda como cada vez mais essencial a necessidade de os jornalistas serem fluentes na língua inglesa, possuírem domínio das mídias sociais e a habilidade de se comunicarem com diferentes públicos. Também seria papel das faculdades de jornalismo a formação de profissionais mais capacitados ao desenvolvimento de campanhas, com noções de planejamento e sobre o posicionamento de marca e reputação. Cabe ao futuro profissional de comunicação, ainda de acordo com o mercado ouvido pela pesquisa, possuir amplo entendimento do negócio do qual faz parte e de como a comunicação pode contribuir para o desenvolvimento desse negócio.
Entre as atitudes desejáveis aos novos profissionais de comunicação, a pesquisa apontou ter disponibilidade para aprender e para trabalhar em equipe; vibrar pelo desafio; ser receptivo a mudanças; e saber cultivar boas fontes. Segundo Érica, o cultivo de boas fontes de informação depende da capacidade de interpretar o mundo e o mercado, outra habilidade que deve ser aprendida na faculdade.
Ética e inovação
Para refletir sobre os dados apresentados na pesquisa, participaram do seminário o jornalista e professor da Universidade de São Paulo (USP) e da ESPM-SP Eugênio Bucci; o professor da USP e autor do blog sobre comunicação O xis da questão, Manuel Carlos Chaparro; o diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e professor da USP, Paulo Nassar; a professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e autora de livros sobre jornalismo digital, Pollyana Ferrari; e o economista e diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato.
Os palestrantes concordaram com a necessidade de ampliar a discussão sobre ética nas faculdades de comunicação. Chaparro salientou que hoje o jornalismo cada vez mais se torna uma linguagem de intenso uso social. “Nesse mundo novo, o que vai impactar é a socialização do que está sendo discutido, não o evento material”, comentou. “Se a questão está na informação, ela também é commodity hoje, por isso a questão ética é tão importante”, completou Nassar.
Capelato contribuiu com o debate apresentando os dados da pesquisa realizada pelo Semesp, que investigou se as faculdades estão formando os profissionais adequadamente para o mercado. De acordo com o economista, ao fazer um recorte da pesquisa na área de comunicação, foi possível constatar que os cursos estão descolados do processo de inovação. Segundo a pesquisa do Semesp, os profissionais consultados apontam essa como a maior deficiência dos cursos nessa área. (Luciene Leszczynski)
Deficiências apontadas por colegas jornalistas |
A pesquisa que apontou o perfil do Novo profissional de comunicação na era da convergência, realizada pela Fundamento Análises, também ouviu jornalistas profissionais que já atuam na área para detectar o que falta na formação acadêmica. Entre as sugestões apontadas para melhorar a formação, 37% dos jornalistas consultados sugerem levar os estudantes a atuarem em agências experimentais. De acordo com Érica Rangel, gerente de mensuração e pesquisa da Fundamento Análises, a ideia é levar os estudantes a atuarem dentro das empresas e com isso adquirir maior experiência prática. A cooperação entre mercado e universidade foi apontada por 27% dos profissionais como sugestão para sanar as deficiências da formação e ter professores que atuem no mercado foi referido por 21% dos profissionais ouvidos. |