NOTÍCIA
Projetos abordam questões como bullying de maneira lúdica
Publicado em 25/05/2016
Usar jogos como estratégia de ensino pode ser uma tarefa mais complicada para o professor a explicar conteúdos de uma maneira tradicional. “As brincadeiras educativas não são nem tão gostosas de jogar quanto um jogo comercial e nem tão benéficas ou saudáveis quanto os meios tradicionais de ensino “, explica Izadora Perkoski, psicóloga e pesquisadora do Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Jogos Educativos (LADEJE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Porém, as atividades lúdicas podem ensinar, e muito, sobre diversos temas e ajudar no combate à indisciplina.
Izadora acredita no entanto que é possível criar jogos que sejam divertidos e eficientes ao mesmo tempo. Com essa proposta, desenvolveu o Jogo do Espião em seu mestrado na UEL. O objetivo é incentivar crianças de 8 a 11 anos a reconhecer e combater práticas de bullying nas salas de aula.
Para jogar, tem-se um tabuleiro e cartas que indicam se o participante deve avançar ou retroceder. As cartas de nível 1(amarelas) apresentam apenas os conceitos básicos sobre o bullying diferentes pontuações para seguir em frente no jogo. As do próximo nível (vermelhas) mostram um trecho de história, que deve ser completado pela criança com outra carta que seja a mais adequada entre as opções. Já as de nível 3 (verdes) retratam uma situação em forma de diálogo em primeira pessoa, colocando o jogador no centro da ação sobre como se posicionar frente ao bullying. Cada resposta condiz a uma pontuação diferente indicada nas instruções.
A opção por um jogo analógico – que utiliza peças físicas – foi feita por uma questão pedagógica, já que o tabuleiro promove uma interação mais próxima dos estudantes. “O jogo permite o contato face a face, com maior probabilidade de, por exemplo, autorrevelação, na qual o aluno relate episódios de bullying pelos quais passou ou testemunhou”, explica.
Para testar a eficiência do jogo no campo do aprendizado, foram realizados testes com crianças na faixa etária que pretendiam atingir. “Tivemos bons resultados em manter o engajamento dos jogadores por um período relativamente longo (quatro sessões de 50 minutos cada)”, explica a pesquisadora. Já sobre a eficácia pedagógica, os resultados demonstraram que os estudantes passaram a identificar os casos de bullying e o que poderiam fazer para denunciar. Izadora aponta que o jogo passará ainda por novos testes antes de ser lançado comercialmente.
Para crianças, pais e educadores
Desenvolver um jogo analógico também foi a escolha de Henrique Dallmeyer, um dos três designers da agência Cusco Studio que desenvolveram o Imagine-me. O jogo foi concebido a partir da ideia de instigar a imaginação das crianças em uma atividade que valorizasse o contato delas com pais e professores. “Existem estudos que falam sobre a influência que atividades criativas e artísticas durante a infância exercem sobre as pessoas quando se tornam adultas, então fomos por esse caminho por ser algo de que carecemos na nossa educação”, explica Dallmeyer.
A primeira edição do Imagine-me está em produção graças a uma ação de crowdfunding, que arrecadou mais de 10 mil reais para a realização do jogo. São três tipos de cartas que descrevem partes do corpo em três categorias: cabeça, corpo e pernas. Escolhe-se uma carta de cada tipo e, a partir das informações lidas, desenha-se a figura descrita. O jogo permite a formação de 1 700 personagens diferentes e estimula a leitura para as crianças que já sabem ler e aumenta a interação com pais e professores para as menores, que precisam da ajuda de outras pessoas para realizar a atividade.
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