Imagem de treinamento da seleção brasileira para a Copa do Mundo
de 1938 | © Coleção Diários Associados – Rio de Janeiro / Acervo Instituto Moreira Salles
Já detentor de alguns dos mais importantes acervos fotográficos brasileiros, o Instituto Moreira Salles (IMS) acaba de fazer aquisições que dobram o número de imagens em seu poder. Foram incorporadas as imagens de três jornais cariocas cuja publicação perpassa os séculos 19, 20 e 21.
São eles: O Jornal, criado em 1919 e adquirido por Assis Chateaubriand em 1924, Diário da Noite, fundado em 1929 pelo próprio Chatô, o famoso dono dos Diários Associados e introdutor da televisão no Brasil, e o centenário Jornal do Commercio, fundado ainda no Império, em 1827, e “falecido” em abril deste ano, após ser incorporado pelos Diários em 1957. Os dois primeiros são originários de uma época em que o Rio de Janeiro, então capital da República, abrigava mais de duas dúzias de diários, momento muito bem retratado pelas biografias do próprio Chateaubriand (Chatô – O rei do Brasil, de Fernando Morais, e O anjo pornográfico, sobre Nelson Rodrigues, de Ruy Castro).
Com a aquisição, o acervo do IMS terá mais 300 mil negativos e 700 mil imagens em papel, passando a totalizar cerca de 2 milhões de itens. O material estava guardado havia três anos e irá se juntar a diversas coleções de fotógrafos já sob a guarda da instituição, como Militão de Azevedo, Maureen Bisilliat e Thomaz Farkas, entre tantos outros.
A incursão do IMS alarga o rumo de sua atuação para a memória imagética da imprensa brasileira. Como ressalta o coordenador de fotografia da instituição, o olhar se estende agora para a fotografia como comunicação, podendo proporcionar pesquisas para além daquilo que foi publicado. “Os arquivos têm um material superior ao que está nas páginas impressas, uma visão mais rica e ampliada. Se não são preservados, perdem-se esse material e essa riqueza”, diz.
O novo acervo ajuda a contar a história do país no século 20, com profusão de imagens de Getúlio Vargas e Carlos Lacerda, além de ampla documentação sobre a presença da seleção brasileira na Copa do Mundo da França, em 1938.
Apesar do trabalho exemplar que o
IMS vem fazendo com diversos acervos, a aquisição traz à baila o tema da concentração da memória em mãos de algumas poucas instituições privadas, pois os arquivos em geral – e sua preservação ou não – acabam por determinar a que história podemos ter acesso. Por isso, é importante que trabalhos como o do Arquivo Público do Estado de São Paulo também sejam mantidos e ganhem visibilidade. Lá se encontram desde o acervo do jornal Última Hora (1951-1979), com 166 fotos, 500 mil negativos e 275 volumes de periódicos, até os poucos números da Revista Moderna: Pedagogica, Scientifica, Litteraria e Noticiosa, que ganhou uns poucos números em São Paulo, nos anos de 1892/93. Vale conferir:
www.arquivoestado.sp.gov.br.
Autor
Redação revista Educação