Mais brasileiros estão lendo mais. Ou melhor: uma pequena fração dos brasileiros está lendo um pouco mais. É o que mostra a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao Ibope: 56% dos brasileiros são hoje considerados leitores, contra 50% da edição anterior da pesquisa, de 2011. A média de livros lidos por ano subiu de 4 para 4,96 livros na atual edição.
A pesquisa ouviu 5.012 brasileiros alfabetizados, com idade de cinco anos em diante. São considerados leitores aqueles que, nos três meses anteriores à pesquisa de campo, leram ao menos um livro inteiro ou em partes. A metodologia permite comparar não só os resultados aferidos nas versões anteriores, como também com os de outros países. A publicação com todos os resultados da pesquisa e diversas análises pode ser baixada em pdf a partir do site www.prolivro.org.br.
As análises, aliás, constituem ponto de sensível melhora na apresentação da pesquisa, além dos diversos textos de autores envolvidos com a questão do livro e da leitura no Brasil. Uma das questões a que a publicação tenta responder é quem são os brasileiros que estão lendo mais e o que estão lendo.
Arte: Simône Maki
Na busca pela resposta, há dados complementares aos da pesquisa. Por exemplo, mostra-se, pelos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que um dos fatores que melhorou positivamente entre 2002 e 2014 foi o contingente de brasileiros que possuem curso superior. Em 2002, havia 7%; em 2014, o dobro, 14%. Também cresceu o número daqueles que terminaram o ensino médio, de 19% para 29% no mesmo intervalo.
Porém, o dado causa estranheza quando se compara o número de brasileiros leitores com curso superior ao dos de outros três países da América do Sul que utilizam a mesma metodologia para aferir hábitos de leitura. No Brasil, 22% dos que finalizaram o ensino superior são leitores, contra 42% no Chile, 43% na Colômbia e 49% no México. A proporção dos que se declaram leitores se inverte no ensino médio: 39% no Brasil, 37% no Chile, 23% na Colômbia e 24% no México. A hipótese é que as políticas de distribuição de livros nas escolas melhorem os índices brasileiros.
Mas o que a pesquisa efetivamente mostra é que quem passou a ler mais foram aqueles entre os 18 e os 39 anos, em especial entre os 18 e os 24 anos. Nessa faixa, aumentou a proporção de leitores de 53% para 66% em relação a 2011 e, mais ainda, daqueles que leram livros inteiros: de 27% a 44%. O que leem: 39% disseram ler a Bíblia e 33% romances, as duas categorias mais citadas entre os 18 e 24 anos.
Em tempos de incertezas, a Bíblia é o livro mais lido entre todas as faixas de escolaridade.
Autor
Redação revista Educação