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Ensino Superior

Caça ao conhecimento

Há dez anos, curso de medicina da PUC adota a Aprendizagem Baseada em Problemas para estimular uma maior participação dos alunos

Publicado em 24/04/2017

por Redação Ensino Superior

conhecimento
Que reações fisiológicas se observam no paciente que foi submetido a uma extração de dente? Por que a pele sobre a qual se faz uma tatuagem fica vermelha e inchada?
Em vez de uma aula expositiva de fisiologia, organizada em torno de um grupo de alunos que prestam passivamente atenção ao conteúdo apresentado pelo professor, uma reformulação dos papéis em classe, uma metodologia que aposta na proficiência do estudante e a solução de um problema como gatilho do processo de aprendizagem.
Essa é a proposta da metodologia ativa denominada Aprendizagem Baseada em Problemas (ou Problem Based Learning, como é conhecida também), que a Pontifícia Universidade Católica (PUC) incorporou ao seu curso de medicina há pouco mais de uma década.
“Demoramos cinco anos para estruturar o curso, montar as salas de aula e capacitar os professores”, explica Maria Helena Senger, uma das docentes. Segundo ela, mais difícil do que equipar a escola com laboratórios, diversificar os espaços de aprendizagem, conceber um currículo integrado e reformular o plano de ensino, foi vencer o preconceito dos professores e alunos.
“Na metodologia ativa, a postura muda e a dinâmica é diferente: a classe tem dez alunos, no máximo, para que todos possam participar. Individualmente ou em grupo, eles são confrontados com problemas contextualizados e devem se mobilizar para encontrar soluções às questões de aprendizagem propostas. Quanto ao professor, tem um papel de articulador; é a liderança que deve dar voz a todos”, explica.
Uma vez lançado um problema, é feito um brainstorming coletivo para cercar a questão e encontrar possíveis explicações a partir de conhecimentos prévios. Em seguida, são formulados os objetivos de aprendizagem e cada aluno parte para um estudo isolado e autodirigido do que é necessário aprender para resolver o desafio: o que uma tatuagem representa socialmente? Quais são os tipos de pele existentes? Qual a relação entre dor e extração dentária?
É, em suma, uma caça ao conhecimento, processo durante o qual cada aluno vai gerir sua própria pesquisa, as estratégias que elegeu para conduzi-la e o seu progresso. Para tanto, ele pode lançar mão da internet, de livros, periódicos e outras bases de dados, além de experimentos em laboratório e da orientação do tutor.
A confrontação com o problema, apresentada antes da discussão dos conceitos teóricos, obriga o aluno a pesquisar, além de expô-lo a pontos de vista diferentes em classe. Com isso, o paradigma da aprendizagem mecânica é substituído pela aprendizagem por descoberta, ativa. Na avaliação dos alunos e do próprio tutor, ao final do processo, democratiza-se o aprendizado e se estabelece um processo de comunicação de mão dupla.

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Redação Ensino Superior


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