NOTÍCIA
Existência de variedades da língua, porém, não implica a sua separação em dialetos ininteligíveis como foi o caso do latim; idiomas estão destinados a efetuar intercâmbios culturais
Publicado em 16/10/2017
A língua inglesa se multiplicou numa gama de variedades com suas próprias normas, pronúncia, vocabulário e sintaxe. O idioma tornou-se multicultural, multiétnico, pois a maior parte dos falantes da África e da Índia é bilíngue ou multilíngue. Daí se vê que se cunhou o termo “world englishes” no plural, que destaca o número de variedades pós-coloniais.
O inglês do século 21 não é propriedade particular de um só país porque o idioma tem os seus “donos” no Caribe, na África e no sul da Ásia. Diante desse cenário, o inglês não deve ser visto como ameaça levando em conta a sua descentralização atual. E mesmo na hipótese do declínio do poderio econômico dos Estados Unidos (não muito provável pelo menos no futuro próximo), o idioma vai continuar a ser um idioma importante dado o número de falantes e sua expansão territorial.
Existe uma semelhança entre o inglês e o português na atualidade. O português também é falado em quatro continentes e ocupa o 6o lugar no número de falantes, um idioma de amplo acesso.
Os falantes de português de Angola e de Moçambique são multilíngues; a leitura dos romances do angolano Pepetela e do moçambicano Mia Couto mostra, como no caso de inglês, que há diferenças de pronúncia e de sintaxe. Constam, nos romances dos dois autores africanos, glossários que refletem o crescimento vocabular do português na vertente africana.
Do ponto de vista geopolítico, a língua portuguesa é fortalecida com a presença atuante da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que promove o idioma, respeitando as diferenças de ordem lexical, fonética entre as diferentes variedades. É importante estudar, pesquisar e divulgar o idioma e a respectiva produção literária em Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
A “mundialização” do português e também dos outros idiomas mais falados no mundo (chinês, russo, árabe, hindi, alemão, espanhol, francês, japonês, italiano e inglês) mostra que todos eles não podem ser isolados numa redoma, pois funcionam como “esponjas”, destinados entre si a efetuar intercâmbios culturais e trocas linguísticas.
A existência das variedades do português e do inglês não implica a sua separação em dialetos ininteligíveis como foi o caso do latim, que se transformou nas línguas diferentes românicas, pois o mundo atual é outro com a presença da mídia: a imprensa, a televisão e a internet e as grandes editoras particulares e universitárias que funcionam como força centrípeta que mantém uma unidade dentro da diversidade.