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Edição 249

Professora brasileira conta sua experiência como mãe “francesa”

Conheça a experiência de Valéria Lima Salem, há oito anos radicada no país europeu

Publicado em 11/05/2018

por Eduardo Marini

França

Valéria, Patrice e os filhos Lara e Leo: “O que vai para a mesa, aqui, é sempre para todos”. (Crédito: Divulgação)


A brasileira Valéria Lima Salem, 40 anos, os últimos oito vividos na França, e seu marido, o gerente de exportação Patrice Salem, 43, francês, sentem na pele e na rotina todas as características enumeradas por Pamela em seus dois livros. Formada em jornalismo no Brasil, Valéria leciona no curso de mestrado em comércio internacional na Universidade de Rennes. Mora com Patrice e os filhos Lara, 16, estudante do segundo colegial de uma escola pública municipal, e Leo, 5, francês de nascimento, aluno de um colégio maternal privado mas subsidiado por uma instituição católica. Vivem em Bruz, cidade distante 15 minutos de carro de seu trabalho.
Valéria e Patrice resumem, numa frase, grande parte dos conceitos detalhados pela autora americana. “Quase todas as coisas enumeradas por Pamela Druckerman em seus livros derivam do fato de que, aqui, filhos não são ‘reis e rainhas’ das famílias, mas integrantes delas como todos os outros”, explica Valéria. “Possuem direitos, necessitam de afeto e atenção, mas, como qualquer um, precisam entender quando não podem fazer ou receber algo. E também os momentos em que precisam contribuir para que os pais e o restante do grupo familiar sintam-se bem.”
Patrice lembra que crianças e jovens dormem e acordam cedo, lancham apenas uma vez ao dia fora do trio café-da-manhã-almoço-e-jantar (entre 17h e 17h30) e são educados para saber que não haverá papai, mamãe, vovô, vovó ou professor desesperado para improvisar o segundo prato caso se recusem a receber o servido nas refeições. “O que vai para a mesa, aqui, é sempre para todos”, afirma Patrice. “A Lara, que veio para cá aos oitos anos, estranhou. Tentou contestar essa realidade no início, mas Valéria e eu contornamos com o tempo”, acrescenta ele.
Dois anos atrás, Patrice e Valéria passaram por outra experiência reveladora dos métodos franceses. Durante um período, o pequeno Leo “decidiu” alimentar-se somente de salsicha, pão, tomate, queijo e banana. Recusava refeições servidas na mesa e pedia, no lugar delas, algo de sua lista particular. Valéria deixava o prato do filho na mesa, mas, preocupada, colocava à mostra porções de alguns dos cinco ingredientes eleitos pelo filho. O casal procurou um nutricionista, que iniciou a conversa com a seguinte pergunta: “quantos dias esse menino já ficou sem fazer uma refeição servida?”. “Dois”, responderam. O nutricionista devolveu de voleio: “Então deixem três: há mais de meio século não temos neste país uma notificação de qualquer criança de família estabelecida que tenha morrido de fome”.

Leia também:

http://www.revistaeducacao.com.br/entrevista-criancas-francesas-nao-fazem-manha/

Autor

Eduardo Marini


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