Era o Hotel Cambridge: o dia-a-dia de uma ocupação, muito além de uma reportagem ligeira da TV (Crédito: Divulgação)
O incêndio seguido de desmoronamento do edifício Wilton Paes de Almeida, na região central de São Paulo, no final de abril, trouxe para a vitrine da mídia os movimentos de ocupação de prédios abandonados nas grandes cidades, o déficit habitacional brasileiro e os efeitos perniciosos da especulação imobiliária.
O cinema brasileiro pode contribuir para esse debate com o longa-metragem
Era o Hotel Cambridge (2016), que combina documentário e ficção. A equipe da diretora Eliane Caffé (
Narradores de Javé, Kenoma) se propôs a conviver com os moradores de uma ocupação, também no centro de São Paulo, durante alguns meses.
Diversas oficinas – com a participação dos moradores – foram realizadas pela equipe do filme no prédio onde antes funcionava um hotel, inclusive a que envolveu o trabalho de direção de arte, sob coordenação da irmã da diretora, a cenógrafa Carla Caffé, e que deu origem a um impressionante livro-documento,
Era o Hotel Cambridge: arquitetura, cinema e educação (Editora Sesc SP).
Como nenhuma reportagem ligeira de TV seria capaz de fazer, o filme nos leva ao dia a dia da ocupação – a maior parte dos atores são os próprios moradores – e nos apresenta também a um outro tema sociopolítico do nosso tempo, o drama dos refugiados. À época das filmagens, diversos participantes da ocupação no antigo hotel Cambridge eram estrangeiros que vieram buscar melhor sorte no Brasil.