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— Quer dizer que o senhor estava cantando rap na volta da excursão com palavrões e ofensas racistas.
— Estava sim, mas era baixinho, só quem estava perto ouvia.
— Entendi. Isso significa, então, que um palavrão ou ofensa racista ditas em tom baixo não são palavrões e ofensas, certo?
— Não. Não é que não são. Mas não ofendem ninguém, era só uma brincadeira.
— Sim, tirando a quem as referências foram feitas, ninguém mais foi ofendido, não é?
— Uma pergunta, a ofensa é ofensa por conta do que foi dito ou pelo volume do que foi dito?
— Pelo que foi dito…
— O professor da excursão ouviu porque ouve bem ou porque era possível ouvir do banco da frente o que foi dito no último banco do ônibus?
— É que não estava muito baixo, né?
— Se estivesse muito baixo e o professor não tivesse ouvido, não seria ofensa?
— Sim, seria, mas ele não ouviria.
— E se ele não ouvisse, você não estaria aqui e não seria sancionado com uma advertência, não é mesmo?
— Eu serei advertido?
— Sim. Será.
— Não é justo que eu seja advertido sem ter sido orientado antes. Você é meu orientador, deveria ter me orientado antes de me punir. Se eu soubesse que cantar o que cantei no ônibus me levasse a uma advertência eu não seria punido.
— Entendi. Você alega que cantou porque não sabia que não tinha o direito de cantar o que cantou. E se fosse orientado antes não teria feito o que fez, certo?
— Isso mesmo.
— Me deixa pensar. Vou tomar uma água e já volto. Ah, por favor, não pegue meu celular que está sobre a mesa.
— Como assim, está me chamando de ladrão?
— Não. Não estou. Apenas dei uma orientação a você. Essa orientação o incomodou?
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Autor
João Jonas Veiga Sobral