NOTÍCIA
Taxa de aprendizagem e a retenção dos alunos são alguns dos desafios
Publicado em 14/02/2019
No final do governo Temer, o MEC aprovou novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, que agora passa a ter carga horária de 3 mil horas (e não mais 2,4 mil) e cinco itinerários formativos. Linguagens, matemática e língua inglesa comporão a base comum. A adoção da educação a distância para uma parte da carga horária – entre 20% e 80% – é outra mudança de destaque.
O objetivo do MEC com as novas DCN é tornar o ensino médio mais atrativo para os jovens e, consequentemente, resolver tanto o problema da evasão como o da aprendizagem. Neste campo, os desafios são grandiosos. No exame de língua portuguesa da última edição da Prova Brasil, os alunos atingiram, em média, o nível 2 de proficiência em uma escala de vai de 1 a 8 – sendo o 8 o mais alto.
Em termos práticos, isso indica que os estudantes não conseguem localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas e artigos nem reconhecer o tema de contos e romances, para citar alguns exemplos. Os alunos também ficaram no nível 2 da prova de matemática, o que demonstra igualmente um baixo domínio da disciplina.
Com resultados ruins há anos, o Ideb do ensino médio se encontra estagnado desde 2009. Em 2017, ele chegou a 3,5, quando deveria ter atingido 4,4, conforme a meta.
Muitos alunos do ensino médio também estão, no mínimo, dois anos atrasados. A taxa de distorção idade-série é de 31,2% nesta etapa escolar, o que pode indicar a necessidade de ações específicas para incentivá-los a permanecer estudando. Isto porque o abandono é mais alto entre os mais velhos (veja nos gráficos), chegando a 26,8% entre os que têm 20 anos ou mais.
A evasão também é maior entre os alunos de baixo nível socioeconômico, que comumente largam os estudos para trabalhar, e entre aqueles que estudam à noite. Estes poderão estudar até 30% dos conteúdos a distância, conforme as novas DCN. No período diurno, o limite será de 20%. A carga de 80% a distância será permitida apenas na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
De acordo com Rafael Lucchesi, relator da proposta aprovada pelo CNE, a adoção do EAD foi necessária para garantir aos alunos o direito de escolher, no mínimo, entre dois itinerários. Considerando que mais de 60% das cidades têm apenas uma escola de ensino médio, seria perfeitamente cabível supor que, nestes locais, os alunos terão apenas um itinerário à disposição, dos cinco existentes (linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional). No entanto, com o EAD os alunos terão a oportunidade de cursar até 50% do itinerário escolhido em outra escola.
Finalmente, vale destacar o grande número de jovens de 15 a 17 anos que estão fora da escola. Em 20 unidades da federação, mais de 20% dessa população se encontra nessa situação, como mostram os dados tabulados pelo projeto Observatório de Educação, do Instituto Unibanco. Em conjunto, as informações mostram o tamanho do desafio e os grandes passos que precisarão ser dados.
Livro incentiva a sair da caixa e transformar a educação
Pedagogia é o curso com maior número de ingressantes