NOTÍCIA
No campo, o baixo percentual de matrículas é um dos reflexos dessa invisibilidade
Publicado em 30/03/2019
A falta de vagas em creches e pré-escolas é um problema muito debatido nas áreas urbanas, tanto que o assunto não sai da pauta dos candidatos a cargos municipais. Porém, esse problema é ainda mais pronunciado nas áreas rurais, apesar de não haver praticamente nenhuma discussão em torno dele.
O Censo da Educação Básica 2018 mostrou que dos mais de 3,5 milhões de matrículas em creches, apenas 239 mil são em escolas do campo, o que representa 7%. Na pré-escola, a proporção é de 692 mil crianças para um total de 5,1 milhões, o que dá uma participação de 13%.
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Em relação ao último Censo Demográfico realizado (2010), as crianças de 0 a 3 anos das áreas rurais representam 17% do total. Na faixa de 4 a 6 anos, esse indicador é de 18,7%. Se considerarmos esses dados, a oferta possivelmente está aquém da demanda, principalmente nas creches.
Nas regiões Norte e Nordeste o quadro é um pouco melhor. São elas que têm, proporcionalmente, o maior número de crianças em escolas do interior, da floresta, em assentamentos e zonas ribeirinhas (veja mais abaixo). Bem diferente é o Centro-Oeste, que apesar do vasto território rural concentra 99% das matrículas de crianças de 0 a 3 anos em escolas urbanas.
De acordo com Ana Paula Soares da Silva, coautora dos livros Infâncias do campo (Autêntica, 2013) e Educação infantil do campo (Cortez Editora, 2012), há três grandes fatores por trás desse quadro. O primeiro deles é a falta de recursos enfrentada por grande parte dos municípios brasileiros. As cidades e regiões que concentram a maior quantidade de pessoas em área rural são também as mais empobrecidas, aponta.