NOTÍCIA
Principal meio de acesso ao ensino superior, prova tem seu conteúdo questionado e viabilidade ameaçada
Publicado em 23/05/2019
Depois da demissão de Marcus Vinicius Rodrigues, ocorrida durante a curta e tumultuada gestão de Ricardo Vélez Rodríguez, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) ficou por aproximadamente um mês sem presidente.
O problema foi resolvido no final de abril, quando foi oficializada a nomeação do delegado da Polícia Federal Elmer Coelho Vicenzi para o cargo. Ex-diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Vicenzi atuava na Corregedoria-Geral da PF desde novembro de 2018.
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Entre outras responsabilidades, o novo presidente terá de realizar o Enem. A prova está marcada para novembro, porém, há uma grande discussão em torno de sua viabilização. Problemas técnicos, que incluem o fechamento da gráfica que imprimia o teste, acenderam o alerta de um possível atraso.
O Enem também está sob pressão do novo governo, que já afirmou diversas vezes a necessidade de eliminar questões consideradas “ideológicas”. Um comitê chegou a ser montado para fazer uma triagem das perguntas, mas a ideia foi aparentemente deixada de lado.
Criado em 1998, o exame é aplicado anualmente a milhares de estudantes – um número, aliás, muito superior ao de concluintes do ensino médio. Em 2017, esse universo foi de 1,9 milhão, enquanto o de inscritos no Enem chegou a 6,7 milhões.
A prova é o principal meio de acesso ao ensino superior no Brasil e, recentemente, passou a ser usada como meio de admissão por diversas instituições portuguesas.
Os dados estatísticos mais recentes divulgados pelo Inep mostram que mais da metade das pessoas que realizam a prova têm renda familiar mensal entre R$ 788 e R$ 1.182,00. Mais de 80% delas estudaram somente em escola pública e uma grande parte tem entre 17 e 19 anos. Há também um grande contingente entre 20 e 25 anos, o que explica o alto número de pessoas que realiza o Enem.
Confira nos gráficos mais detalhes sobre o público da prova:
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