ARTIGO

Olhar pedagógico

Vivemos em uma sociedade da medicalização, afirma psicóloga

Viviane Mosé alertou sobre os altos índices de suicídios a educadores durante evento em comemoração aos dez anos da Iternational School

Publicado em 03/12/2019

por Laura Rachid

Vivemos em uma sociedade da medicalização e que não sabe lidar com a insatisfação, cuja única indústria que cresce é a farmacêutica. A afirmação é de Viviane Mosé, filósofa, psicóloga e psicanalista, que completa: “o sofrimento faz parte da vida, mas perdemos a capacidade de lidar com frustrações e corremos para o remédio”.

Viviane Mosé palestrou no The Game Changers, evento em comemoração aos dez anos da International School, empresa de soluções bilíngues para escolas, que aconteceu ontem, 2, em São Paulo, com a presença de gestores, coordenadores e professores brasileiros.

Leia: Suicídio: prevenção requer informação e vigilância por parte de famílias e escolas

A reflexão da psicóloga é importante, uma vez que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos no mundo, gerando a cada 40 segundos um óbito.

Ainda segundo Viviane, que dá palestras sobre o tema para jovens e atende meninos e meninos que tentaram se matar, na passagem do mundo material para o virtual/da internet, no lugar de uma ponte, criou-se um abismo em que o ser humano encontra-se desnorteado em sua estrutura, gerando suicídio e automutilação.  “Falta confiança no mundo”, afirmou a especialista.

sociedade da medicalização

Viviane Mosé durante sua palestra

Ao conversar com esses jovens que vivem em sofrimento, a psicóloga conta que escuta deles que os pais agem como monitores, “já tomou banhou?”, “fez a lição?”, em outras palavras, falta afeto.

É em torno dessa desestruturação familiar que a escola passa a ser o lugar dos milagres. “Eu não gosto desse discurso. Escola é um lugar de gente. Professor não faz milagre e a família precisa cumprir com seu papel”, desabafou Viviane Mosé.

Em relação a conselhos, a psicóloga apontou que as crianças cujos pais não participam de sua rotina, a escola tem o desafio – que não era para ser dela – de olhar para elas e estar de coração aberto para recebê-las. “Professor, nunca admita uma menina e menino isolados. Crie dinâmicas para eles se manifestarem”, apontou.

Leia: Cartilhas orientam sobre como ajudar pessoas em risco de suicídio

Para inspirar

Completando dez anos, a International School ofereceu a seus educadores não só conteúdo de alerta, mas também histórias de vida inspiradoras, como o da ex-jogadora de basquete e considerada uma das maiores atletas do mundo na modalidade, Hortência Marcari.

A ex-jogadora contou que foi impactada pelo esporte na escola. Primeiro com futsal, seguido do atletismo e mais tarde conheceu o basquete. Hortência afirmou que dentro de cada indivíduo há um talento. Contudo, assim como ao pegarmos uma pedra na natureza, para brilhar temos que lapidar. “O sonho nos diz aonde ir. O plano como fazê-lo. Não deixe para depois. Viva o agora”, aconselhou.

Leia também:

Precisamos falar sobre alergia alimentar dos alunos

Entenda o que é o Movimento Maker e como ele chegou à educação

Autor

Laura Rachid


Leia Olhar pedagógico

Educação integral_Gina_2

Educação integral é tema da série ‘E aí, professor?’, do Futura

+ Mais Informações

Jovens amazônicos se mobilizam pela justiça climática

+ Mais Informações
bibliotecas no Quênia_refugiado_destaque

Ex-refugiado que criou bibliotecas no Quênia ganha prêmio global

+ Mais Informações
Leitura de livros_destaque

Leitura de livros é incentivada com passeios fora da escola

+ Mais Informações

Mapa do Site