NOTÍCIA
No Brasil, o PEA-UNESCO vem crescendo muito e, hoje, tem 569 escolas associadas em todo o país, nas esferas pública, privada e do terceiro setor. Trata-se da segunda maior rede entre todos os países
Publicado em 12/02/2020
Se há algo de certo neste mundo tão complexo e desafiador é que não há mais espaço para agirmos sozinhos, não há sentido em soluções individuais: vivemos o tempo da colaboração em rede. Apenas em rede podemos sonhar transformar o mundo.
Colaborar é trabalhar junto. Já o conceito de rede considera a ideia de horizontalidade de relações, de interconexão entre pessoas e instituições e de alinhamento entre valores comuns e objetivos maiores que os encontros e desencontros cotidianos. São ideias que parecem óbvias, mas só até certo ponto.
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No mundo da educação, ainda são muito poucos os ambientes de interação, troca e ação conjunta efetiva. As escolas vivem um pouco isoladas. A formação de redes, muitas vezes, se restringe a legítimas iniciativas de interesse setorial (como os sindicatos) ou associação de escolas de mesma origem (como as instituições religiosas). Mas estão em menores número e tamanho aquelas que se organizam apenas em torno de princípios e valores compartilhados. E isso é tão necessário!
Afinal, trata-se de refletir sobre qual futuro postulamos para as novas gerações e de construir formas de intervenção no mundo de hoje, aqui e agora, embora também com olhos no futuro.
É um erro aceitar passivamente que as crianças e os jovens de hoje, futuros adultos, já nasçam com uma dívida com os erros do passado – como no caso do meio ambiente ou da desigualdade. Nós, adultos, somos responsáveis e precisamos agir com urgência para que os que chegam à nossa casa comum, a Terra, tenham condições mais justas e igualitárias de crescer como indivíduos e cidadãos.
Precisamos agir já, nas mais diversas frentes, especialmente no âmbito da Educação. Este é o espaço atual da Rede PEA-UNESCO, um programa presente em 193 países, reunindo quase 12 mil escolas que aderiram ao compromisso de educar para a paz, para o desenvolvimento sustentável, para a aprendizagem intercultural e para o enfrentamento dos grandes problemas que vive o mundo contemporâneo.
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No Brasil, a Rede PEA-UNESCO vem crescendo muito e, hoje, tem 569 escolas associadas em todo o país, nas esferas pública, privada e do terceiro setor. Trata-se da segunda maior rede entre todos os países.
Em quase todos os estados brasileiros, diretores, coordenadores e professores orientam seu trabalho educativo diário pelos valores da UNESCO, observando o calendário internacional, incorporando temas como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ao currículo e colocando foco em temas como as mudanças climáticas, a construção da cultura da paz e a valorização do patrimônio material e imaterial.
Não é pouco. O esforço somado desses atores educacionais impacta diretamente a educação de mais de 500 mil alunos e 26 mil professores, se pensarmos apenas no Brasil. Fazemos parte, porém, de um contexto mais amplo, literalmente, planetário, e de uma rede movida por valores humanistas universais.
Há, portanto, razões para celebrar nossa capacidade de agir juntos. Como disse Paulo Freire, devemos sempre ter esperança, mas a esperança do verbo esperançar, não do verbo esperar. “Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo.” Pois, então, mãos à obra!
*Myriam Tricate é educadora e coordenadora nacional da Rede de Escolas Associadas da UNESCO no Brasil.
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