NOTÍCIA
Em seus livros, Otávio Júnior convida o leitor — principalmente os mais jovens — a conhecer pelo olhar das crianças a realidade da periferia, marcada por injustiça, mas também cheia de beleza e resistência
Publicado em 10/03/2021
Vencedora do Jabuti 2020 na categoria livro infantil, a obra Da minha janela (ed. Companhia das Letrinhas), de Otávio Júnior com ilustrações de Vanina Starkoff, narra em 48 páginas tudo o que um garoto enxerga de sua janela em uma favela do Rio de Janeiro, como bichos, pessoas, cores e alegrias nas brincadeiras como rodar pião. Para esta obra, o autor se inspirou em sua própria infância, mas também circulou por várias favelas com o cuidado de descrever o quanto é possível aprender por meio dos olhares.
Leia: Livro conta 21 histórias reais de estudantes, incluindo refugiados, que transformaram a educação
O autor cresceu em uma favela da zona norte do Rio e foi em um lixão, ainda criança, que teve contato com o seu primeiro livro. Aos poucos a literatura o transformou. Começou a frequentar bibliotecas públicas e salas de leitura. Já adulto, ficou conhecido como o ‘Livreiro do Alemão’ ao abrir a primeira biblioteca nas favelas do Complexo do Alemão e no Complexo da Penha, Rj. Ciente da necessidade de democratizar a leitura, também é responsável por projetos de literatura em outras regiões carentes.
Morro dos ventos (ed. do Brasil) é uma obra também infantil de Otávio Júnior que aborda com certa leveza a necessidade de paz por meio de vozes que vão se multiplicando com o vento. Tem o intuito de valorizar a periferia, mas também de criticar o quanto o Estado é racista. “Esse livro resgata o desejo verdadeiro de uma criança de estar amparada e saber que os seus também estarão”, destaca um trecho da sinopse.
A obra é dedicada à Vanessa Francisco Sales, mãe de Ágatha Félix, assassinada aos oito anos em uma operação policial no RJ, em 2019.
Lei Ágatha Félix: crimes contra crianças e jovens terão prioridade de investigação
Escolas de elite querem desnaturalizar o racismo