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Jornada Bett Online

José Moran: modelo híbrido ainda é visto de forma limitada

Especialista em metodologias ativas e abordagens híbridas, professor estará no segundo dia da Jornada Bett. Em entrevista à Educação , ele destaca a importância de práticas pedagógicas flexíveis e colaborativas

Publicado em 11/05/2021

por Redação revista Educação

José Moran, especialista em projetos de transformação na educação e Paulo Tomazinho, consultor e pesquisador da meta aprendizagem, discorrem sobre modelo híbrido e metodologias ativas amanhã, 12, às 14h, na 2ª Jornada Bett Online. Será um diálogo sobre as questões que podem contribuir para tornar o processo de aprendizagem mais interessante por meio de uma aprendizagem ativa, envolvendo os estudantes e tornando ao máximo esses processos flexíveis. No ensino híbrido, o foco está mais na ação pedagógica dos docentes (no planejamento, desenvolvimento e avaliação do processo), ressalta Moran.

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Moran, o qual é doutor em comunicação e professor aposentado de novas tecnologias na Escola de Comunicações e Artes da USP, acredita que nesse período atípico deve-se avaliar o que pode ser feito presencialmente e online, mas pensando também no pós-pandemia para buscar compreender o que faz sentido continuar fazendo. Ele defende não focar só no momento presente, não pensar no híbrido como algo provisório, mas também em algo que faça sentido daqui para diante, à medida que progressivamente as escolas retomem sua normalidade.

“O híbrido não significa necessariamente remoto. O híbrido quer dizer mesmo em sala de aula mesclar atividades que são mais mão na massa, que são mais analógicas com outras que são digitais, que se possa fazer pesquisas. O pessoal confunde híbrido com o fazer em casa, ou em outros espaços, mas não necessariamente tem de ser assim”, esclarece Moran.

modelo híbrido

Moran se considera um designer de ecossistemas inovadores na educação (foto: divulgação)

O que desejamos

Moran e Tomazinho falarão também sobre as arquiteturas pedagógicas serem mais flexíveis, abertas, híbridas, personalizadas, ativas e colaborativas, com diferentes combinações, arranjos e adaptações num país com realidades muito desiguais. Os modelos híbridos se combinam, se integram e ganham relevância com o foco na aprendizagem ativa dos estudantes, em que aprendem por descoberta, investigação e resolução de problemas.

Também abordarão as perspectivas para o futuro: na educação básica, por exemplo, predominará a aprendizagem ativa em ambientes presenciais com integração – sempre que necessário ou possível – de plataformas, aplicativos e atividades digitais. Segundo José Moran, continuarão os modelos mais conhecidos, como a aula invertida, rotação por estações, rotação individual.

Mas no ensino médio e nos anos finais do fundamental, segundo ele, serão utilizados modelos mais personalizados e online, como o flex (roteiros personalizados online com o professor por perto), à la carte (fazer um, ou mais módulos online) ou virtual enriquecido (parte presencial, parte online). A hibridização será progressiva, de acordo com a idade e o avanço do estudante no currículo e as condições de acesso das escolas, docentes e estudantes. Os modelos híbridos predominarão no ensino superior e na educação continuada nos próximos anos, acredita o professor.

“As pessoas veem o híbrido de uma forma muito limitada. Pensam que é só o presencial ou o online.  É possível fazer as coisas de formas diferentes. Uma escola aberta, integrada com o mundo do entorno e o mundo vivo que o digital traz”, afirma José Moran, com brilho nos olhos.

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Um bom cozinheiro

Segundo o especialista, o problema do híbrido, às vezes, é de infraestrutura, mas o principal é o mental. As pessoas não se permitem misturar coisas, pensam que têm que fazer de um jeito único. “Eu falo do híbrido como um bom cozinheiro, um bom chef: com os ingredientes que tem, faz pratos diferentes. Ele combina, não precisa ter ingredientes sofisticados pra ter uma ótima receita, uma boa refeição. Às vezes, com aquilo que ele compra na feira faz um prato maravilhoso”, detalha.

Para Moran, sobretudo, o educador pode mesclar atividades, estratégias, combinar, conversar com os estudantes, os acompanhar e desenhar essas experiências. Hoje, há a possibilidade de combinar os tempos individuais e os tempos grupais, de tutoria, de orientação. Isso pode ser feito com cuidado desde a educação básica, mas quando se chega numa universidade, o aluno deveria estar muito mais autônomo para trabalhar por sua conta. Aliás, ele também acredita que o ensino superior brasileiro está muito quadrado em relação às possibilidades. O momento de ir para a sala de aula, de encontrar um professor deveria ser um momento de culminância, de fazer algo extraordinário, não só para ouvir alguma coisa. Pois para ouvir, o professor pode gravar um vídeo.

Intenção

Sendo assim, o que o docente costuma fazer hoje na sala de aula pode ser feito de outro jeito; e o encontro, o deslocar-se até qualquer universidade significa encontrar algo que valha a pena. É como quando se marca um encontro com alguém para tomar um café: trata-se realmente de algo especial encontrar essa pessoa, você quer conviver, você tem várias razões. Caso contrário, faria uma ligação, abriria a câmera e pronto, discutiria um assunto, constata José Moran.

Moran diz que hoje o presencial tem que se justificar. “Nós temos tantas possibilidades de fazermos as coisas online, que para se encontrar fisicamente, deve existir algo mais”, conclui.

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