NOTÍCIA
Educação da consciência foi defendida pelo especialista Celso Niskier no terceiro dia da Jornada Bett. Já a importância de trabalhar saúde mental e emocional foi tema do painel de Adriana Fóz, referência em neuropsicologia
Publicado em 13/05/2021
A escola é um espaço para promover ações planejadas para nortear a comunidade escolar, incluindo a transformação de ações de acordo com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), desenvolvimento de competências e habilidades e para a análise crítica sobre os conteúdos que são expostos nos meios digitais. A afirmação é de Telma Vinha, doutora em educação e coordenadora do grupo de estudos Ética, diversidade e democracia na escola pública, da Unicamp.
Vinha participou hoje, 13, junto a César Amaral Nunes, gerente de desenvolvimento de soluções no Instituto Unibanco, do painel Convivência ética e valores potencializados pela tecnologia, realizado pela Jornada Bett Online. A mediação da plenária ficou por conta de Daniela Degani, fundadora da MindKids, programa que leva a meditação mindfulness ao ambiente escolar.
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“Educar no espaço online é desafiador. Vale incorporar no currículo de forma contínua, e com embasamento em estudos e pesquisas, situações para exercer a empatia, o exercício intencional da empatia cognitiva e online e, de forma preventiva, mesmo que o aluno ainda não tenha vivenciado situações como cyberbullying, sexting, cyberagressão”, defendeu Telma Vinha.
Para Cesar Amaral Nunes, o aumento dos perigos e da intolerância na internet e nas redes sociais tem que ser observado a partir da percepção da existência do outro, em aceitar e tolerar o outro, coordenar as perspectivas. Ou seja, ceder em algumas coisas para entender o mundo do outro, provocando a mudança dos dois lados e os valores de respeito, para criar relações com capacidade de participar e argumentar. “Devemos promover um projeto formativo [para os estudantes] como parte do currículo, melhorar a qualidade das relações, em busca de excelência. Tudo isso que vimos acontecer no virtual e no real agora é reflexo da sociedade. Na pandemia, observamos quem se saiu melhor quando a sociedade se mostrou mais empática, ou pior, enquanto mais egoísta”, alertou Nunes.
Rafael Ávila, diretor de inovação do Grupo Ânima, conduziu a plenária Meditação e bem-estar na sala de aula, com Klebér Tani, professor de educação física, diretor da Sociedade Internacional de Meditação no Rio de Janeiro e especialista na área de educação baseada na consciência, e Celso Niskier, diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
Os dois especialistas ressaltaram os altos estímulos que os alunos recebem hoje, maiores do que há 40, 50 anos e, ao mesmo tempo, uma qualidade do repouso muito menor.
“Precisamos formar o educador para o autoconhecimento, para a educação da consciência, até porque isso está integrado ao conceito do desaprender, reaprender e aprender. A educação baseada em evidências, a meditação transcendental – que se adequa a qualquer nível cultural e de origem do estudante – deve servir não só para o bem-estar, mas em benefício à aprendizagem educacional do estudante”, disse Niskier.
Representantes do Google, Ben Gomes, SVP education, Tia Lendo, head de cloud education marketing, Eleazer Ortiz, program manager de educação superior, e Daniel Mamoré, head de public sector sales no Brasil, juntos a Juliana Araripe, consultora educacional na CESAR School, debateram o tema Tecnologia na educação: conectando pessoas, promovendo aprendizagem e facilitando pesquisa.
“Entramos em uma nova era da educação e não sabemos exatamente o que o futuro nos reserva, mas tudo aponta para o caminho da aprendizagem híbrida, preparando os estudantes para um mundo muito diferente”, explicou Tia Lendo. Para Daniel Mamoré, a tecnologia ajudou a expandir as relações humanas durante a pandemia: “Diante do distanciamento social, diminuímos fronteiras, nos adaptamos e até expandimos. E isso é a base do ensino, a troca de informação e aproximação entre pessoas”.
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Na plenária Saúde mental: o que não pode faltar na sua escola, Adriana Fóz, especialista em neuropsicologia e psicopedagogia, explicou a parceria da sua empresa, a Neuroconecte, para trabalhar com 230 mil professores da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, com o objetivo de alfabetizar em saúde mental – tópico primordial para manter a aprendizagem.
“É possível trabalhar nas escolas a saúde emocional e mental dos educadores e profissionais da educação, porque é um ambiente propício. É na escola onde se pode cuidar – tratar é na saúde – e ter um olhar atencioso que compreenda sinais que saem do ‘natural’. A escola é para a vida, e se as escolas instrumentalizarem esses professores e cuidarem do aperfeiçoamento profissional deles, teremos recursos para ter o espelhamento e, por bons exemplos, que as crianças possam aprender a ser autônomas”, defendeu Fóz.
Aliás, acompanhando Adriana Fóz, Letícia Lyle, cofundadora da Camino Education e diretora da Camino School, falou sobre trabalhar o socioemocional e as lições que a escola pode ensinar a partir desse momento difícil. “O papel da escola não é tentar voltar e, sim, ajudar a elaborar esse luto, esse processo, criar um programa para apoiar o educador, porque a escola é um lugar de dor coletiva e não se pode negar isso, mas cuidar disso.”
O encerramento desta quinta ficou por conta de Carla Tieppo, neurocientista e doutora em ciências pela USP, que falou, em resumo, sobre A educação do futuro para além da revolução digital. Entre os destaques, Tieppo falou sobre o momento mais desafiador da educação no século 21, que exige respeitar as singularidades. “É um período de fragilidades, de ansiedade, não linear e de um mundo incompreensível, onde precisamos de flexibilidade cognitiva e organização, planejamento e atenção para melhorar também as funções cognitivas no estudante.”
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