NOTÍCIA
Débora Garofalo e Doani Bertan são duas educadoras que têm em comum o reconhecimento internacional de seus trabalhos, determinantes para abrir novas frentes na educação. Elas estarão juntas no GEE, em 9 de agosto, à 19h15
Publicado em 06/08/2021
As ações que começaram no chão da escola pública hoje têm lugar na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), projeção que explica a propriedade das professoras Débora Garofalo e Doani Bertan para o debate do tema A incessante busca pela inovação, painel que ocorrerá em 9 de agosto, às 19h15, no Grande Encontro da Educação 2021 (online e gratuito. clique aqui para se inscrever).
Débora Garofalo iniciou um projeto de robótica na escola municipal na qual lecionava, localizada no bairro Vila Babilônia, periferia da zona sul de São Paulo. Doani Bertan, como professora bilíngue de português e Libras em Campinas, também da rede municipal, alterou o material didático do fundamental 1 para a linguagem de sinais brasileira e criou o canal 8; no qual há três anos leciona para crianças surdas e ouvintes, usando de todo efeito lúdico que a edição de vídeo possibilita. Seus trabalhos a levaram a estar entre os 10 semifinalistas do Global Teacher Prize – premiação tida como o “Nobel da Educação” – em 2019 no caso de Garofalo, e em 2020 para Bertan.
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O reconhecimento internacional mostrou a relevância e impacto de seus projetos na transformação do processo de aprendizagem, cada um em um âmbito diferente da educação e de forma tão inovadora, que o governo do estado se interessou em ampliá-los para todas as escolas. Atualmente, Débora Garofalo coordena o Centro de Inovação da Educação Básica paulista (CIEBP), em funcionamento há menos de um ano. “Tem sido uma experiência incrível e desafiadora de replicar para mais de 5 mil escolas o trabalho que comecei em uma”, conta.
No intuito de conscientizar a comunidade sobre o problema de descarte de lixo em seu entorno e ao mesmo tempo, mover seus alunos para o manuseio de materiais reciclados e transformá-los em protótipos com diversas funcionalidades, a coordenadora sonha em democratizar o acesso dos estudantes à tecnologia, inclusive, esse já era seu plano caso ganhasse o prêmio no valor de 1 milhão de dólares, o equivalente a pouco mais de 5 milhões de reais.
Para Garofalo, a tecnologia por si só não tem poder de transformar, é preciso dar o protagonismo para os agentes que a produzem, nesse caso, os jovens estudantes.
“Eles nasceram nesse contexto tecnológico e a escola tem o papel de trabalhar isso com o estudante, formar um cidadão crítico e ético, não um simples consumidor de tecnologia, mas um produtor. Inovar é olhar para os nossos problemas, para a unidade escolar e dar oportunidade para eles [alunos] resolverem”, explica.
No caso dos estudantes da escola na Vila Babilônia, o problema era o lixo, que com seu projeto foi transformado em robótica.
No Grande Encontro, a coordenadora do CIEBP pretende falar sobre sua trajetória, suas dores e vivências com a robótica e sucata para mostrar, sobretudo, caminhos aos professores e professoras inovarem dentro de suas estruturas e possibilidades, e também abordar educação 4.0 e cultura maker.
Atualmente “emprestada” também para o Seduc-SP, atuando no Centro de Mídias da Educação de São Paulo (CMSP), Doani Bertan contribui não só com a educação de crianças surdas, mas também com a formação de professores, dando assessoria na forma de se portar diante da câmera para que o público se sinta representado e acolhido, por exemplo. Com sua ajuda, pela primeira vez a rede estadual contará com aulas bilíngues agora também para o fundamental 2 e ano que vem, para o ensino médio.
Na EMEF Júlio de Mesquita Filho, no interior do estado, onde leciona, ela adaptou o material didático para incluir a comunidade de alunos surdos, bastante presente por lá. Para se ter uma ideia, uma única turma contava com oito alunos com essa condição. Além da sala de aula, ainda na modalidade remota, a qual não lhe causou nenhum embaraço durante a pandemia, a professora comanda o canal Sala 8, com roteiro todo feito em Libras, com áudio e legendas em português.
Quando a pandemia chegou, ela já fazia o trabalho de aula assíncrona pelo canal há pelo menos dois anos. “Tive que aprender toda a questão tecnológica e do ensino a distância quando ainda não falávamos em híbrido, então esse processo durante a pandemia foi tranquilo para mim”, conta.
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Bertan não acredita no conceito de igualdade como as pessoas pregam generalizadamente por aí.
“Se os sujeitos são diferentes, com necessidades diferentes, não dá para falar em igualdade para todos. Comecei a gravar videoaula para que tivesse conteúdo na língua dos surdos, para incluir de verdade, ninguém aprende igual”, explica.
Para que a inclusão dê certo de forma mais ampla no âmbito educacional, a professora enfatiza que o caminho é a representatividade e empatia. “Na nossa sociedade não temos representatividade nas tomadas de decisão, somos nós, ouvintes, que decidimos o que é melhor para o surdo e isso é inadmissível. Ninguém melhor que o surdo para saber o que o surdo precisa. Além disso, também é necessário empatia para que cada um com suas ferramentas, formação, possa oferecer possibilidades a esses que não têm representatividade”, conclui.
A incessante busca pela inovação
Com Débora Garofalo e Doani Bertan
Data e horário: 9 de agosto, às 19h15
Gratuito e com certificado
Inscrições: Inscrições www.grandeencontrodaeducacao.com.br
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