NOTÍCIA
Em um painel conceitual e de resgate histórico, head acadêmico da Cultura Inglesa trouxe provocações, desafios, BNCC e vivências sobre o ensino de línguas
Publicado em 11/08/2021
O que é cultura. Como ir além do bilíngue. Quais os desafios de trazer para a prática os desafios conceituais do ensino de línguas? Em sua fala no terceiro dia do Grande Encontro da Educação, o head acadêmico da Cultura Inglesa, Marcelo Dalpino, trabalhou a temática sob a explicação de vários eixos – a começar pelo próprio título da apresentação: Cultura como verbo na educação plurilíngue: vivências, formas e histórias.
O assunto foi transcorrido com entusiasmo pelo especialista que, inclusive, carrega esses tópicos como tema de sua pesquisa acadêmica.
Em tempos cujo termo ensino bilíngue adquire quase uma onipresença, Dalpino aproveita para contextualizar o que seria essa visão mais plural do conceito – que funcionou, como o próprio definiu, como uma “provocação inicial” para a conversa.
Antes disso, o palestrante utilizou trechos de nomes como o da autora francesa Claire Kramsch, que fala de uma Cultura (com “C” maiúsculo), que representa o “patrimônio nacional: como carnaval, Pelourinho a imagem do Masp – representações, símbolos ou signos da nação”, exemplificou.
Mas, citando o teórico Adrian Holliday, colocou que existem também as culturas (com “c” minúsculo), que são as pequenas práticas do dia a dia – “a forma como me relaciono com meus amigos, com minha escola, a de uma cidade, de um bairro”, pontuou.
Nesse contexto, o cultural é aquilo que condiciona a visão do mundo do homem, que tem uma lógica própria, da qual os indivíduos participam diferentemente e, é claro, é dinâmica.
“Certamente, a forma de um país da Ásia fazer ciência é diferente da de um do Ocidente; você se propõe a discutir em duas línguas e duas culturas possibilidades de se compreender, por isso é plural (plurilíngue), não se fecha na língua”, explica.
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Sobre o texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as diretrizes educacionais, o head acadêmico reforçou que são tratativas que propõem, inicialmente, uma regulação, diante do boom de escolas que se nomeiam bilíngues.
Detalhou, também, as possibilidades de aplicação dessas normas na prática nas instituições, seja no formato do ensino bilíngue ou, se for o caso, no modelo de carga horária ampliada.
“Não é só desenvolver no estudante a habilidade linguística, mas visões acadêmicas e conteúdos distintos”, disse Marcelo Dalpino.
“Em 1933, havia a definição de que ser bilíngue era ter o controle nativo de duas línguas”, lembra Dalpino, que chegou a citar iniciativas do passado, como os cursos de redução de sotaque e a dicotomia entre inglês americano vs inglês britânico.
A ideia foi a de mostrar que houve uma evolução na forma de tratar a aprendizagem de uma segunda língua. Aliás, mudança essa em andamento, em constante transformação.
Sua fala mostra que são realidades que trarão diferentes histórias, adequadas a cada agente que faz parte da comunidade escolar: o professor no contexto bilíngue, o aluno, os pais, os gestores etc.
“É menos sobre protagonismo e mais a agência do aluno – como o estudante pode, nesse processo de desenvolvimento, ser o seu agente de desenvolvimento”, concluiu.
Clique no link abaixo e assista a esse painel (painel da Cultura Inglesa com o Dalpino começa no tempo 1h55)
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