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Alimentação saudável e combate à obesidade infantil, de quem é o papel?

Famílias, escolas e sociedade são responsáveis pela promoção de alimentos saudáveis aos pequenos - projetos de lei recém-votados apontam para esse lado. A nutricionista Denise Rodrigues, à frente de um projeto na Escola Castanheiras, fala sobre o assunto

Publicado em 25/08/2021

por Redação revista Educação

Foram aprovados dois projetos de lei no Rio de Janeiro ligados à importância da alimentação saudável entre crianças e jovens com o objetivo principal de combater a obesidade infantil. Em 11 de agosto, passou em primeira votação na Câmara Municipal do Rio de Janeiro o projeto de lei 957/2018, o qual determina, em resumo, que bares e restaurantes apresentem cardápio infantil com alimentos saudáveis.

Antes, em 5 de agosto, foi aprovado em segunda discussão o projeto de lei  1662/2019, de autoria de vários vereadores, proibindo a venda de bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados nas escolas. Este segundo seguiu para a sanção ou veto pelo prefeito do Rio de Janeiro.

Leia: Precisamos falar sobre alergia alimentar dos alunos

Ambos os textos chamam a atenção com relação à responsabilidade da sociedade na alimentação de crianças e adolescentes bem como o já colocado alerta sobre a obesidade infantil. O engajamento da família, dos restaurantes e da escola no que diz respeito à nutrição faz toda a diferença no desenvolvimento alimentar dos pequenos. Quanto mais cedo começar, melhor.

Para comentar sobre o aprender a se alimentar desde cedo, entrevistamos a nutricionista Denise Rodrigues Salles Figueiredo, que está à frente do plano de alimentação da Escola Castanheiras, localizada na cidade de Santana de Parnaíba, Grande São Paulo.

A saber, o programa chama-se Comer bem e tem a missão de melhorar a alimentação na escola, desenvolver a educação nutricional, além de apoiar e favorecer sistemas alimentares sustentáveis, criando um programa de educação focado na compreensão das relações entre comida, cultura, saúde e meio ambiente. Confira a seguir a entrevista.

obesidade infantil

Nutricionista Denise Rodrigues

Com que idade começa a surgir a consciência sobre a alimentação?

Na fase da introdução alimentar do bebê, ele entrará em contato com os alimentos de diferentes texturas e sabores e iniciará o processo de estabelecimento de conhecimento sobre a alimentação. Os pais são os responsáveis pela oferta de alimentos às crianças e, portanto, suas escolhas influenciam significativamente no desenvolvimento desses hábitos alimentares. Sendo assim, as crianças que são incentivadas desde pequenas a terem escolhas mais saudáveis na alimentação diária apresentam mais facilidade em manter esse hábito e consciência por toda a vida.

Leia: O que as escolas podem fazer para ajudar no combate à obesidade infantil

A participação da escola é importante para despertar as boas escolhas na criança quando ela se alimenta? Por quê?

A escola tem um papel importante na alimentação da criança, especialmente nos casos em que ela estuda em período integral, além de ser um local privilegiado para contribuir e promover ações coletivas de reflexão sobre a alimentação mais saudável.

O ambiente escolar pode ser um estímulo para a criança provar novos sabores, influenciada pelo consumo das outras crianças e pelas ações lúdicas desenvolvidas com os alimentos. A criança pode ter estímulos positivos na escola, no entanto, a formação dos hábitos alimentares é da família. Sendo assim, o papel dos pais não deve ser substituído pela escola, cada qual com sua responsabilidade e contribuição.

Leia: Obesidade e baixa autoestima infantil aumentam na pandemia

Como os pais devem introduzir essa consciência com relação à boa alimentação em casa?

A família é o primeiro referencial, por isso, um dos fatores que contribui para que a criança tenha essa consciência em relação à boa alimentação é o que a família consome e o que é oferecido às crianças.

A alimentação é um ato complexo e envolve muitos fatores, como comportamentos, aprendizados, sensações e experiências, e o que os pais podem fazer é gerar condições favoráveis para que as crianças tenham a possibilidade de fazer suas escolhas, acima de tudo, de forma consciente.

obesidade infantil nutricionista explica

Segundo a escola, projeto Comer bem é levado tão a sério quanto um componente curricular (foto: reprodução Escola Castanheiras

Qual a consequência de não abordar este assunto com a criança desde cedo?

A alimentação tem papel fundamental em todas as etapas da vida, especialmente nos primeiros anos, que são decisivos para o crescimento e o desenvolvimento, para a formação de hábitos e para a manutenção da saúde.

Ao não abordar esse assunto, a criança pode tornar-se, sobretudo, mais seletiva em suas escolhas alimentares, desenvolver neofobia alimentar (medo de provar novos alimentos) e acarretar em um desenvolvimento infantil inadequado.

O que não pode faltar em uma refeição ideal para uma criança? E para o pré-adolescente?

Uma refeição ideal é aquela que supre, de forma adequada, as necessidades nutricionais diárias. Conforme estabelece o Guia Alimentar para População Brasileira, de forma geral, ela deve ser composta por alimentos naturais e minimamente processados, preferencialmente, sendo refeições preparadas em casa e livres de condimentos industrializados e alimentos ultraprocessados.

O consumo de alimentos industrializados deve ser feito com moderação, dentro de uma rotina alimentar saudável e que forneça todas as vitaminas e minerais necessários, bem como proteínas e carboidratos.

Quais são hoje os hábitos mais prejudiciais entre jovens e crianças e como evitá-los (ou substituí-los)?

Hoje, observamos um baixo consumo de vegetais, legumes e frutas e um aumento no consumo e preferências por alimentos com muito açúcar e sal.

Primeiramente, é preciso conscientizá-los sobre os benefícios da boa alimentação, a importância de realizar boas escolhas e incentivá-los a provar novos alimentos e com preparos diferentes.

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Redação revista Educação


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