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Enem 2021: o mais branco e elitista dos últimos anos

O número de participantes no Enem ao longo dos anos tem decaído. Em 2021 foram 3,1 milhões de inscritos, o menor número em pelo menos 10 anos, segundo dados do Inep. Além disso, pesquisa realizada pelo Semesp (entidade que representa mantenedoras de ensino superior no […]

Publicado em 24/11/2021

por Leticia Scudeiro

O número de participantes no Enem ao longo dos anos tem decaído. Em 2021 foram 3,1 milhões de inscritos, o menor número em pelo menos 10 anos, segundo dados do Inep. Além disso, pesquisa realizada pelo Semesp (entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil) revelou uma queda acentuada de 77,4% no número de inscritos no Enem 2021 com renda familiar de até três salários mínimo – público de baixa renda que recebe declaração de carência pelo MEC e com isso pode realizar o exame com isenção de taxa, cujo valor é de 85 reais. 

O problema é que, primeiramente, o governo proibiu que faltantes do ano passado sem justificativa (como aqueles que tiveram medo de ir por conta da covid) ficassem isentos este ano. Logo depois, após pressão de diferentes esferas e por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro o Inep reabriu as inscrições com isenção para esse público.

Ainda segundo o Semesp, apenas 11,7% dos inscritos para o Enem 2021 são pretos. É a menor proporção desde 2009.

“Esses dados apontam um desequilíbrio de oportunidades oferecidas aos estudantes de diferentes condições sociais que pretendiam realizar o exame, que acaba contribuindo para o aprofundamento da injustiça social e para o aumento da elitização no ensino superior”, ressaltou em nota oficial Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.

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Corte de verba

A respeito dessa baixa adesão de inscritos, Maria Inês Fini, presidente da Anebhi (Associação Nacional de Educação Básica Híbrida), ex-presidente do Inep de 2016 a 2018, e uma das responsáveis pela criação e implementação do Enem, declara: “Além da insegurança muito grande em relação ao que fazer e como fazer a prova, hoje houve uma alta exclusão dos alunos que não tiveram aula, que não tiveram acesso ao ensino remoto e praticamente autoexcluiu os exames. Além disso, houve toda aquela insensibilidade do Inep de não permitir que quem perdeu o exame em 2020 tivesse gratuidade em 2021, o que acabou provocando uma medida judicial para que essas inscrições fossem novamente reabertas”. 

Sobretudo, sobre alternativas para reverter esse baixo índice de participantes no Enem do ano que vem, ela diz: 

“O que nós sabemos é que as verbas de publicidade do Inep sofreram um corte de 50%. Veja, é muito importante que você informe a população, chame os jovens, estimule, e isso não aconteceu neste ano. Então eu acho também que se nós continuarmos desse jeito, deixando ao ‘bel prazer’, sem que o governo faça uma campanha intensiva para aumentar a frequência dos jovens, teremos novamente uma baixa procura”.

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Primeiro dia de prova

Contudo, apesar do baixo número de inscritos, no primeiro dia de prova deste ano, realizado no último domingo, 21, somente 26% faltaram, enquanto que em 2020, dos 5,5 milhões de inscritos, 51,5% se ausentaram no primeiro dia, computando o maior índice de abstenção na história, segundo informações do Inep.

Enem 2021
Estudantes chegam para o primeiro dia de prova do Enem 2021 – Foto: Tomaz Silva (Agência Brasil)

Apesar da queda de inscritos e das dificuldades colocadas pelo Inep, o Enem 2021 tem recebido comentários positivos no que diz respeito ao conteúdo do primeiro dia da prova, como por exemplo, a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro, em entrevista à CNN Brasil, elogiou o tema da redação. “Não vi a prova, mas vi alguns comentários sobre a questão da música do Zé Ramalho, Admirável Gado Novo, que foi surpreendente, e parece que trouxe algumas questões sobre desigualdade, racismo, gênero, desigualdade da mulher no mercado de trabalho… Está dentro dos parâmetros tradicionais do Enem, que sempre abordou questões ligadas às desigualdades, questões sociais e história contemporânea.”

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Leticia Scudeiro


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