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Escola de SP cria manual antirracista e comitê da diversidade

A Camino School, escola particular localizada na zona oeste de São Paulo, conta com políticas específicas direcionadas à inclusão, como um Manual da Escola Antirracista (em desenvolvimento), pílulas da diversidade com estudantes, um comitê de diversidade, um sistema próprio de bolsas com foco nesse público, […]

Publicado em 27/12/2021

por Redação revista Educação

A Camino School, escola particular localizada na zona oeste de São Paulo, conta com políticas específicas direcionadas à inclusão, como um Manual da Escola Antirracista (em desenvolvimento), pílulas da diversidade com estudantes, um comitê de diversidade, um sistema próprio de bolsas com foco nesse público, além de professores engajados.

A instituição também produz uma série chamada Diálogos, que visa discutir assuntos sensíveis com responsabilidade coletiva e já está na segunda temporada. O primeiro episódio (“Como e por que devemos falar de racismo para uma criança?”) já norteia o público sobre o tom do conteúdo e a série tem apresentação de Josimar Silveira, o Jones, que faz parte do coletivo Família Quilombo, cujas crianças são estudantes da Camino School.

Leia: Escolas de elite querem desnaturalizar o racismo

Desigualdade estrutural

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54,9% dos brasileiros são autodeclarados negros ou pardos. No entanto, a taxa de analfabetismo entre essa população é de 9,3%, ao passo que entre brancos é de 4%.

Além disso, os rendimentos de pessoas negras equivalem a 57% de pessoas brancas, segundo a Oxfam Brasil. Como se não bastasse, um estudo do Instituto Ethos de 2016 revelou que, das 500 maiores companhias, 80% disseram não ter medidas efetivas de inclusão.

A importância da educação e a conscientização dos agentes do mercado de trabalho são dois componentes cruciais para uma mudança de cenário efetiva. Por isso, instituições de ensino têm um papel fundamental nesse debate.

Leia: Educação indígena: escola viva ainda está longe de ser alcançada

Camino School
Atividade na Camino School (foto divulgação)

Comitê de diversidade

De acordo com Caio Garcez, expansions dean da Camino School, diversidade não é só implementar um programa de bolsas e aumentar o número de estudantes negros e indígenas na escola. “Isso é uma parte importante, mas não é suficiente. É preciso fazer muitas outras coisas, como criar os fóruns corretos para discutir essas questões. Aí entra também um lugar de humildade, de ter consciência que não sabemos tudo”, destaca.

O comitê de diversidade da escola, formado neste ano, surge dessa necessidade. Esse espaço articula sobretudo, famílias, educadores e colaboradores na discussão e construção das propostas. “A ideia é ajudar a pensar como podemos tornar essa pauta viva e o que ainda temos para melhorar. É muito importante ouvir a voz das famílias sobre como elas estão enxergando a escola, como os filhos estão se sentindo. Temos levantado boas discussões”, conta o gestor. 

“Têm tópicos que a gente traz para eles, têm coisas que eles trazem para o grupo, como sugestões de formações e de textos. Em breve, vamos discutir o edital de bolsas”, diz Caio Garcez.

Leia: Bullying e dislexia: como abraçar a inclusão na escola

Sistema de bolsas

De acordo com Garcez, o objetivo é gradualmente aumentar a proporção de estudantes negros e indígenas na escola. Em 2021, foram 15 bolsistas, mas ainda não há definição de quantos serão em 2022. As bolsas variaram de 75% a 100% e cobrem toda a experiência da criança na escola, o que inclui kit de uniforme, material escolar, acesso a equipamentos (modem com pacote de internet, dispositivos como tablets ou laptops), alimentação, bem como o custeio de passeios e saídas pedagógicas. “É um trabalho para zerar qualquer questão que possa atrapalhar a aprendizagem dessas crianças, o direito de estarem aqui.”

“Uma instituição, seja ela de qualquer área, deve oferecer condições de equidade. No dia a dia de uma escola, precisamos pensar: como fazemos com que essa criança se sinta pertencente? Não adianta conceder uma bolsa se o cenário social não a inclui. Um bolsista tem que se sentir representado, isto é, olhar para o professor e pensar que ele parece com seu pai ou mãe. A conexão que se cria entre famílias e escola nesse contexto é uma das ferramentas para evitar evasão escolar”, ressalta Leticia Lyle, cofundadora da Camino Education e diretora da Camino School.

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Redação revista Educação


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