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Quando a minoria percebe que é maioria

Em um ambiente predominantemente feminino, quais são as políticas públicas educacionais em torno de uma pedagogia feminista? Dentro desse grupo, quais as ações dedicadas às minorias? Para responder a essas indagações, o primeiro passo é atentar para nosso percurso, enquanto educadoras e educadores, e onde […]

Publicado em 12/09/2022

por Damaris Silva

Em um ambiente predominantemente feminino, quais são as políticas públicas educacionais em torno de uma pedagogia feminista? Dentro desse grupo, quais as ações dedicadas às minorias? Para responder a essas indagações, o primeiro passo é atentar para nosso percurso, enquanto educadoras e educadores, e onde está alocado o poder feminino em nosso dia a dia. A autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie em seu livro Sejamos todos feministas – que é também um chamamento a toda sociedade – traz luz aos lugares de poder e prestígio ocupados por homens e mulheres, na educação e em outros ambientes, ao passo que os níveis hierárquicos ascendem. 

Como exemplo, a escritora cita sua experiência escolar, quando perdeu a oportunidade de “patrulhar a turma do fundão” ao não ser selecionada para monitora da classe primária, mesmo atingindo o principal critério para essa seleção que era ter a nota mais alta. O lugar foi ocupado por seu colega, um menino que teve a segunda nota mais alta. A partir desse relato a autora traz uma série de outras situações cotidianas que deixam claro que nossas ideias acerca de gênero ainda estão muito aquém do esperado. A autora destaca que se perde muito tempo ensinando meninas a se preocupar com o que os meninos pensam sobre elas, mas o oposto não acontece.

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Leia: Entenda o que é uma educação antirracista e como construí-la

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Num contexto de enfrentamento desse cenário, destaca-se uma experiência inovadora e promissora, lançada em 2020 pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) na Bahia, o Curso de Extensão Pedagogia Feminista Negra. Em meio à conjuntura pandêmica e às desigualdades que nela afloraram, o curso surgiu com o objetivo de promover ações coletivas em prol dos povos negros, quilombolas, indígenas e LGBTQIA+ como marco de um projeto de resistência ancorado no pensamento feminista negro, que tem na educação um meio para transformar as relações sociais que estão postas, com vistas à luta pela emancipação humana. O curso contou com a participação de 13 professoras, de universidades do Brasil e do mundo e vinculadas a movimentos sociais.  Além disso, a experiência virou um livro, que sistematiza o que fora proposto nas aulas.

Feminismo negro
Carolina Pinho é uma da 12 autoras do livro lançado este ano

Carolina Santos B. de Pinho, uma das docentes convidadas, afirma que a história da educação negra foi sendo construída a partir de uma história branca, e destaca a importância de se dar luz às práticas pedagógicas estruturadas a partir da presença feminina negra na sociedade, de modo a corrigir a injustiça histórica, mas também de retirar essa população da invisibilidade, gerar conhecimento e empoderar grupos à periferia das discussões educacionais. Para isso, uma das estratégias da professora é recuperar as contribuições das mulheres negras para “sistematizar uma teoria educacional comprometida com a transformação da sociedade”.

Somos todos produto de uma sociedade que diariamente (e às vezes de forma trágica) nos ensina que homens são mais importantes do que as mulheres; negros são inferiores aos brancos; práticas educacionais quilombolas ou indígenas são primitivas… Atentar à pedagogia feminista negra revela-se como estratégia essencial à construção de uma educação antirracista, antissexista e, portanto, emancipatória.

Referências:

Adichie, C. Ngozi. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Pinho, Carolina e Mesquita, Tayná Victória de Lima (Org.). Pedagogia feminista negra: primeiras aproximações.

São Paulo: Veneta/ Serpente, 2022. 

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Autor

Damaris Silva


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