ARTIGO
Fome, violência, perdas de aprendizagem e experiências. Esses são alguns dos problemas presentes na primeira infância brasileira e que foram enfatizados por Daniel Becker, pediatra, mestre em saúde pública e docente da UFRJ. “Muitas vezes os maus comportamentos e os sintomas excessivos [da criança principalmente […]
Publicado em 14/12/2022
Fome, violência, perdas de aprendizagem e experiências. Esses são alguns dos problemas presentes na primeira infância brasileira e que foram enfatizados por Daniel Becker, pediatra, mestre em saúde pública e docente da UFRJ.
“Muitas vezes os maus comportamentos e os sintomas excessivos [da criança principalmente durante o isolamento social] levavam a mais irritação da família. Tivemos que lembrar os pais em casa que essas crianças precisam de cuidado, acolhimento, legitimação das dores e angústias, lembrar que o comportamento comunica alguma coisa, lembrar de abraçar, dar colo, tocar, orientar ao invés de castigar. Porque sabemos que castigo não ensina nada. Trabalhar com fantasias e brincadeiras que é a grande linguagem da criança e tira ela do estresse, é um antídoto para o estresse. Trazer o que a gente chama de corregulação, o adulto sentar ao lado dela, respirar com ela, ajudá-la a se regular, porque ela sozinha não sabe e não tem maturidade para isso”, apontou Becker.
Esses apontamentos dizem respeito à importância da ligação entre a criança e a família, pois segundo o pediatra, a sociedade está vivendo um momento chamado de parentalidade distraída, em que o pequeno tem que competir com o celular pela atenção dos pais e isso vem trazendo problemas. Há, inclusive, campanhas para lembrar as famílias sobre os cuidados que devem ter com seus filhos.
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Já em relação ao uso abuso das telas pelos pequenos, Becker reforçou o papel da escola na recuperação dos laços e brincadeiras, sendo a educação digital o caminho para evitar esse vício. Dentre as ações citadas por ele, estão alguns pontos que os educadores devem incentivar os pais a seguir, por exemplo: regular o acesso a telas; regular o conteúdo assistido; compreender o vício; realizar vigilância e controle maior do uso da ferramenta; trabalhar e pensar em alternância de atividades em casa.
“A educação digital é muito importante na educação de crianças. Não podemos mais nos abster de falar sobre isso, de trabalhar essa questão. E essa é uma tarefa não só da família, mas da escola e da sociedade como um todo”, orientou.
Em relação às ações que as escolas podem fazer internamente em seus ambientes, ele provocou os educadores a reconectar as crianças com a natureza, criando oportunidades de transformação.
“Mais do que boa gestão, mais do que investimento, precisamos de transformação na nossa escola, com novas formas de educar e professores capacitados para essas reflexões de mudança”, acredita Daniel Becker.
*Daniel Becker participou hoje, 14, da 2ª edição do Diálogos sobre Educação, que acontece entre 14 e 16 de dezembro, em Brasília, com organização da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI). Para mais informações clique aqui.
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