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“O conceito de escola de qualidade, não é só aquela capaz de acolher a necessidade [do aluno], que tenha qualidade no seu quadro discente e tenha todos os equipamentos, mas a que tenha uma educação civilizatória, cujos valores civilizatórios sejam trazidos para as pessoas”, destacou […]
Publicado em 12/05/2023
“O conceito de escola de qualidade, não é só aquela capaz de acolher a necessidade [do aluno], que tenha qualidade no seu quadro discente e tenha todos os equipamentos, mas a que tenha uma educação civilizatória, cujos valores civilizatórios sejam trazidos para as pessoas”, destacou Cida Bento durante a Bett Brasil*, ontem, 11, em SP.
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Cida Bento é conselheira e uma das fundadoras do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). Doutora em psicologia e autora do livro Pacto da branquitude (ed. Cia das Letras). Durante sua participação no painel Poder para a educação: um grito para o acesso, apresentado pelo Movimento LED – Luz na Educação (uma iniciativa da Globo), Cida relatou que apesar das desigualdades ainda presentes nas escolas, a escolarização tem se transformado em um ambiente de pertencimento para os jovens.
“Eu nunca esqueci que era negra na escola. [Hoje] vejo uma mudança no país nesse sentido, de modo que meu neto se sente mais parte da escola. Então [o ponto principal é] como construir uma escola que possa garantir a qualidade para todas as crianças, mas, acima de tudo, que seja um ambiente acolhedor onde ela queira estar e onde ninguém te lembre o tempo inteiro de que você não pertence a esse lugar”, apontou Cida Bento.
“A conquista da obrigatoriedade do ensino da história da África e dos afro-brasileiros é fantástica não só para a criança negra como para a criança branca também. Nossa nacionalidade é marcada pelos descendentes indígenas, europeus e africanos, eles têm que estar presente em tudo que a gente apresenta para as nossas crianças, de maneira que elas se orgulhem dessa ascendência”, complementou Cida.
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O projeto Querino lança um olhar afrocentrado sobre a história do Brasil e foi criado por Tiago Rogero, jornalista e gerente de criação na Rádio Novelo. Ele também participou do painel e apresentou a luta do povo negro ao longo dos séculos e a luta recorrente pela igualdade de direitos.
“É sempre bom lembrar que esse discurso de que cota seria para dividir já está batido, mas, infelizmente, sempre acaba voltando. Quem sempre quis dividir nunca foram as pessoas negras. A gente tem um exemplo lindo da frente negra brasileira, um dos primeiros movimentos negros do pós-abolição. A frente deles tinha uma escola no bairro da Liberdade, aqui em São Paulo, que recebia os filhos dos imigrantes japoneses os quais nas escolas brancas não eram bem recebidos, mas nas escolas da frente negra brasileira eram”, contou Tiago.
Os palestrantes reforçaram o fato de que as escolas trabalharem com o tema das desigualdades com os alunos, mostrando a história dos povos negros, indígenas e quilombolas, tem gerado um bom caminho nessa luta pela igualdade e pelo acesso de uma educação de qualidade para todos.
“Apesar de todos esses impedimentos que sempre tivemos— e continuamos tendo na educação —, a gente sempre ficou com esse sonho de promover uma educação de qualidade para todo mundo que, de fato, dê acesso para todos”, concluiu Tiago.
*A Bett Brasil é o maior evento de educação e tecnologia na América Latina. Acontece de 9 a 12 de maio, no Transamerica Expo Center, São Paulo. E nós, da Educação, estamos fazendo uma cobertura especial. Clique aqui para ficar por dentro de tudo.
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