NOTÍCIA
Os percursos tortuosos que se impõem ao conceito de meritocracia no Brasil distorcem informações importantes sobre o desempenho dos estudantes durante seu percurso escolar e acadêmico. São muitos os meandros e, dentre eles, a importância da representatividade na educação, especificamente em sala de aula, e […]
Publicado em 29/05/2023
Os percursos tortuosos que se impõem ao conceito de meritocracia no Brasil distorcem informações importantes sobre o desempenho dos estudantes durante seu percurso escolar e acadêmico. São muitos os meandros e, dentre eles, a importância da representatividade na educação, especificamente em sala de aula, e o quanto a falta de diversidade nos processos de formação docente, nos currículos escolares e no próprio corpo docente afetam o processo de aprendizagem dos alunos.
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Na última edição do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado em 2021, a população negra, que já possuía desempenho abaixo da média, teve quedas no desempenho em matemática e leitura acima do verificado para a população branca. A variação das notas entre os negros foi de 13 pontos em matemática (de 225 para 212) e de seis pontos em leitura (de 205 para 199); ao passo que a variação das notas entre a população branca foi de seis pontos em matemática (de 250 para 244) e cinco em leitura (de 228 para 223).
São diversas e complexas as respostas a esse cenário. Dentre elas, Nilma Lino Gomes e Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, em seu artigo O desafio da diversidade, dão destaque à complexidade das relações entre educação, cultura escolar, processos educativos entre outros, chamando a atenção para a necessidade de os pesquisadores dedicarem esforços à articulação entre a diversidade étnico-cultural e esses aspectos, desde a formação inicial dos docentes à continuada e permanente.
No texto, as autoras chamam atenção para a grande lacuna causada pela não inclusão da diversidade cultural na formação de professores e nos currículos escolares. Dada a complexidade e relevância da temática, vemos aqui a necessidade de incorporar à prática docente uma nova competência pedagógica, que olhe para essas questões em diálogo com a sociedade pluriétnica e pluricultural, como esta em que nós e nossos alunos estamos inseridos.
As informações destacadas mostram que o fio condutor da diversidade étnica entre o corpo docente, bem como a inclusão da diversidade cultural nos currículos escolares são peça-chave na construção de um ambiente educacional mais justo. Há, portanto, uma grande empreitada que está posta. É impositiva a oferta e o olhar para a diversidade étnica na educação. Neste ano, teremos mais uma aplicação do Saeb. Espera-se que os impactos da pandemia na educação tenham se atenuado, uma vez que o retorno presencial vem ocorrendo de modo contínuo desde 2022. Entretanto, as consequências do racismo na educação, não.