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Série apoiada pela FTD Educação | Educação igualitária para todos os alunos é uma das características do Colégio Santa Doroteia, localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Tanto que em 2020 foi criado o setor Processos Inclusivos, que faz parte do Serviço de Orientação Educacional […]
Publicado em 03/08/2023
Série apoiada pela FTD Educação | Educação igualitária para todos os alunos é uma das características do Colégio Santa Doroteia, localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Tanto que em 2020 foi criado o setor Processos Inclusivos, que faz parte do Serviço de Orientação Educacional (SOE) e cujo objetivo é incluir todos os segmentos do colégio nas questões de inclusão, tanto arquitetônica quanto pedagógica, e que estejam interligadas.
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“Se houvesse um setor para atender os alunos [da educação inclusiva], estaríamos fazendo uma escola dentro de uma escola, seguindo o paradigma da integração e não da inclusão”, aponta Daiane Souza, psicóloga e coordenadora de processos inclusivos do colégio. O paradigma da integração ao qual Daiane se refere entende que o estudante deve se adequar à escola e não a escola às crianças e jovens — pensamento tido como ultrapassado para muitos educadores.
O processo de inclusão da instituição atende estudantes com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação para que os mesmos tenham um acesso justo, igualitário e em conjunto com os outros estudantes.
Além do professor regular, que está presente em sala de aula, o colégio possui duas estruturas voltadas para o apoio do aluno da educação inclusiva: o profissional de apoio ou, como chamam no colégio, monitor de inclusão, e o profissional do Atendimento Educacional Especializado (AEE).
O monitor tem o papel de mediar o acompanhamento do estudante com o professor, além de auxiliar o aluno nas questões de alimentação, higiene, locomoção e interação social. “O monitor está ali para servir como apoio e não para fazer pelo aluno, porque isso tiraria o direito dele de aprender. É preciso estimular o aluno a buscar novas aprendizagens, o encorajar, para que ele desenvolva cada vez mais as suas potencialidades e tenha autonomia”, explica Daiane.
Já o AEE procura ajudar os que têm dificuldades de aprendizagem. O profissional possui uma sala de recursos multifuncionais destinada a atender os alunos no contraturno. Esse espaço é um direito dos alunos da educação inclusiva.
“O professor regular, por exemplo, está desenvolvendo todas aquelas aprendizagens previstas no ano letivo, mas o estudante [da educação inclusiva] tem algumas habilidades pré-acadêmicas que precisam ser resgatadas ou mais bem trabalhadas para que possa ter as melhores condições de aprendizagem na sala de aula. Esse é o papel do professor do AEE”, conta Daiane.
O Colégio Santa Doroteia atende do ensino infantil ao médio, e possui um total de 2.200 alunos, 120 professores e 320 funcionários, com uma mensalidade que varia entre 1.200 e 1.485 reais. “Viabilizar a educação evangélico-libertadora é prioridade e, para acontecer, direcionamos nossas reflexões e ações construindo uma rede tecida com entrelaçamento dos conteúdos cognitivos, afetivos e transcendentais. Assim, oportunizamos por meio do cultivo da espiritualidade, da sabedoria intuitiva e da ética, o espaço propício ao entendimento do sentido pleno de vida”, afirma a diretora educacional Marinice Simon, que possui doutorado em educação.
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Seguindo os valores citados pela diretora, são realizadas formações continuadas para os professores, incluindo formações voltadas ao setor de Processos Inclusivos. Todos os funcionários, monitores e profissionais do AEE recebem aperfeiçoamentos técnicos para melhor atender os alunos da educação inclusiva. Além disso, é realizada uma adaptação no currículo escolar. Daiane explica que os professores procuram elaborar em parceria com os profissionais do AEE o conteúdo de acordo com cada necessidade do aluno. Por exemplo, se o professor regular está trabalhando algum tema, o material que ele entregará aos alunos em sala de aula poderá ser diferente para aqueles da educação inclusiva, para que todos consigam aprender o conteúdo passado.
Segundo Daiane, para que o processo de adaptação do currículo aconteça, o setor de Processos Inclusivos trabalha com a elaboração de um mapeamento sobre os estudantes para melhor orientar os professores regulares.
“Por meio de planilhas, de fluxos, os professores têm em mãos as principais informações sobre os estudantes. Então eles sabem quais estudantes são avaliados pelo parecer descritivo, quais precisam de adaptação curricular, quais são atendidos pelo AEE, quais têm monitor”, explica.
O aluno da educação inclusiva tem acesso a um material elaborado pensando em sua aprendizagem, conta com a presença do monitor de inclusão, e com o AEE. Além do trabalho interno realizado nas três frentes: sala de aula, monitor e AEE, também são realizados projetos voltados ao calendário inclusivo, em que todos os alunos e professores, com base em datas específicas, trabalham ações internas de conscientização. “O futuro [da educação] será não falar mais em educação inclusiva, mas em educação. Porque toda educação vai ser inclusiva”, conclui Daiane.