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Métodos da moda, equipamentos de alta tecnologia digital, mobiliário sofisticado: nada disso é necessário para uma educação infantil que cumpra seu papel socializador. Adultos responsáveis e responsivos ao que as crianças precisam, por outro lado, são essenciais. Essa premissa guiou o painel Escola de educação […]
Publicado em 15/09/2023
Métodos da moda, equipamentos de alta tecnologia digital, mobiliário sofisticado: nada disso é necessário para uma educação infantil que cumpra seu papel socializador. Adultos responsáveis e responsivos ao que as crianças precisam, por outro lado, são essenciais. Essa premissa guiou o painel Escola de educação infantil: lugar de encontros entre as crianças e os adultos, conduzido por Paulo Fochi, professor e coordenador de curso na Unisinos, no evento Socioemocional na Escola, promovido pela revista Educação ontem, 14, no Teatro Fecap, em São Paulo.
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“Essa experiência de socialização das crianças envolve ter tempo dentro de uma instituição, tempo de encontro com os amigos e é de uma complexidade gigante para as crianças irem compreendendo um senso de comunidade, suas identidades, quem são os outros e o que é feito neste lugar. Escola é um grande laboratório de cidadania”, comenta o educador, que é mestre e doutor em educação.
Fochi acredita que essa tarefa já é complexa o suficiente para a primeira infância e, por isso, critica os modelos de múltiplas atividades para a infância, tendo em vista que “uma das responsabilidades da escola é, justamente, diminuir a fragmentação da vida das crianças”. O professor defende “a vida cotidiana como espinho central para educação infantil”, entendendo que mudanças na forma de tratar os estudantes têm um grande potencial transformador.
“Convido todos vocês, educadores aqui presentes, a voltar para suas escolas estranhando tudo que é familiar. Tem muitos jeitos de fazer educação infantil. Largar as crianças à própria sorte e escolher apostilas e livros didáticos para esta fase não são as únicas opções” provoca Fochi.
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Ele questiona práticas cotidianas das escolas de educação infantil, como limpar o nariz das crianças de surpresa, sem pedir autorização a elas, assim como ordená-las a comer em silêncio e com o tempo contado. “Gostaríamos que fizessem isso conosco? Por que, então, fazemos isso com as crianças?” questiona.
Em 2013, Fochi fundou o Observatório da Cultura Infantil (OBECI), uma comunidade de apoio ao desenvolvimento profissional de professores e também atuou como consultor e redator da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil. Para ele, a quantidade de barbáries que vemos diariamente, no noticiário ou mesmo na nossa vida nas cidades, é a prova de que a educação que recebemos falhou. Ele faz também uma ressalva ao atual estado da discussão.
“Desconfiem de qualquer um que apareça oferecendo soluções rápidas para a educação infantil. Construir uma comunidade educativa, além de ser uma escolha política do tipo de sociedade que queremos ter, é um projeto de longuíssimo prazo”, alerta Fochi.