NOTÍCIA
Já percebeu que nas escolas ensinamos sobre o passado, mas quase nunca sobre o futuro? Durante todo o período de escolarização obrigatória, estudamos história, pessoas e eventos que já aconteceram. Isso é importante para entender de onde viemos e como chegamos até aqui. No entanto, […]
Publicado em 28/09/2023
Já percebeu que nas escolas ensinamos sobre o passado, mas quase nunca sobre o futuro? Durante todo o período de escolarização obrigatória, estudamos história, pessoas e eventos que já aconteceram. Isso é importante para entender de onde viemos e como chegamos até aqui. No entanto, quando se trata do futuro, muitas vezes, ficamos um pouco perdidos. Costumamos falar sobre como seria a escola, os professores e o ensino no futuro, mas será que estamos realmente aplicando uma abordagem de ensino voltada para o futuro?
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Os desafios impostos pelas rápidas mudanças tecnológicas nos fazem questionar a forma como educamos hoje, desde: por que, como, o quê, onde e quando aprendemos, e seu sentido para formação das novas gerações. Isso implica um modo de ensinar não apenas sobre o passado, mas também sobre como pensar, agir e se adaptar ao que está por vir.
Essa temática é tão relevante que, em 2022, a Comissão Internacional sobre os Futuros da Educação, instituída pela Unesco, publicou o relatório Reimaginar nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação. Nele, fica evidente que ainda não estamos conseguindo cumprir nossas promessas de ajudar a construir futuros mais pacíficos, justos e sustentáveis.
O fato é que, ao mesmo tempo que vivemos um cenário de incertezas, em que temos um planeta em risco, um retrocesso dos movimentos democráticos ao redor do mundo e não temos claro o papel das tecnologias para garantir a trabalhabilidade no futuro, precisamos empoderar as novas gerações a pensar, imaginar e cocriar futuros mais esperançosos para si e para todo o planeta, e a educação tem papel fundamental para apoiar isso.
Este pode ser o principal objetivo da educação dos próximos anos, desenvolver a habilidade de ‘letramento de futuros’ (literacy futures), que compõe lidar com a imprevisibilidade, buscando formas de antecipar desafios, adaptar-se a novos cenários, reconhecer a conectividade das ações no planeta e conseguir imaginar saídas favoráveis.
Quando incorporamos o letramento de futuros na educação, estamos preparando as novas gerações para interpretar, ler e compreender este mundo em constante transformação, tornando-as protagonistas ativas na sua construção. Mas como trabalhar com letramento de futuros na educação?
Com o propósito de apoiar professores a serem os porta-vozes da esperança na construção de um mundo mais abundante, próspero, justo e sustentável para as novas gerações, compreendemos que se faz necessário uma nova pedagogia que olhe para o futuro e seja responsável por idealizar um mundo compartilhado, democrático, colaborativo, fortalecido de diálogos e ação, que respeite as diversidades, culturas e recursos ao redor do mundo, uma pedagogia de futuros.
Essa pedagogia nasce na necessidade de auxiliar os estudantes a serem mais flexíveis e adaptáveis, afinal, o futuro é incerto e cheio de mudanças. Ela é responsável por ensinar a antecipar, planejar e preparar para enfrentar o desconhecido de maneira confiante, aprender a se adaptar a novas situações, a lidar com obstáculos de maneira eficaz e a nunca parar de aprender.
Vale destacar que a criação de futuros se refere ao processo de conceber e desenvolver cenários, ideias e ações que possam moldar e influenciar as ações do presente para o futuro de maneira intencional e positiva. É uma ação proativa que envolve imaginação, visão e planejamento para concatenar e direcionar os eventos em direção aos resultados desejados. Ser capaz de pensar e imaginar futuros é uma competência central para que possamos construir futuros possíveis e desejáveis.
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Aplicamos a estratégia ‘o que eu quero para o mundo’ com o objetivo de ajudar os estudantes a entenderem o que eles querem alcançar individualmente e como podem contribuir para um mundo melhor.
Primeiro, pedimos aos estudantes que pensem sobre seus sonhos e objetivos pessoais. Isso pode incluir coisas como carreira, família, viagens e muito mais. Queremos que eles visualizem o que desejam para suas próprias vidas. Depois, damos um passo adiante e os convidamos a pensarem sobre o mundo em geral. O que eles desejam ver no mundo? Isso pode envolver questões como igualdade, meio ambiente, acesso à educação e muito mais. Queremos que eles pensem em como gostariam que o mundo fosse.
A parte emocionante é quando ligamos esses dois pontos. Mostramos a eles como suas ações individuais podem contribuir para tornar o mundo mais próximo do que eles desejam. Por exemplo, se eles sonham com um planeta mais limpo, podem adotar práticas sustentáveis no dia a dia. Se desejam igualdade, podem se envolver em atividades que promovam inclusão e diversidade.
Enquanto educadores, é nossa responsabilidade geracional promover uma pedagogia que não somente prepare as novas gerações para o que está por vir, mas que possa torná-las protagonistas das suas escolhas, dos caminhos desejáveis e que sejam capazes de cocriá-los.
Acreditamos que isso só será possível com os professores. Desejamos que eles sejam capazes de, como descreve António Nóvoa (2023), “libertar o futuro”, promovendo uma pedagogia que permita aos estudantes desenhar e desejar futuros esperançosos e positivos neste planeta, e futuros melhores. Para isto, é fundamental também “libertar o futuro” dos próprios professores. Nós somos a geração que mudará as escolas. Mas como a imaginamos? Como a desejamos? O que esperamos dela?
Aqui está a cereja do bolo: conectamos esses desejos e ações com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Este exemplo ilustra o modo como estaremos preparando as novas gerações para interpretar, ler e compreender este mundo em constante transformação e, mais do que isso, serem protagonistas na criação de um futuro melhor.