ARTIGO
No Colégio Pentágono, em São Paulo, estudantes do ensino médio do Bridges, programa de inglês da instituição, participaram de uma dinâmica voltada ao uso crítico do ChatGPT: escreveram redações à mão, no modelo exigido por universidades estrangeiras, e leram as produções de seus colegas, indicando […]
Publicado em 14/12/2023
No Colégio Pentágono, em São Paulo, estudantes do ensino médio do Bridges, programa de inglês da instituição, participaram de uma dinâmica voltada ao uso crítico do ChatGPT: escreveram redações à mão, no modelo exigido por universidades estrangeiras, e leram as produções de seus colegas, indicando melhorias.
Após essa primeira etapa, os jovens pediram para que a tecnologia fizesse o mesmo. No final da dinâmica, discutiram questões éticas voltadas ao assunto e leram um guia voltado à admissão para universidades do Reino Unido, que fala sobre o uso da inteligência artificial (IA) na escrita de redações.
Leia também
No mundo da inteligência artificial, estudante precisa saber argumentar e pensar criticamente
António Nóvoa: aprendizagem precisa considerar o sentir
Bruno Alvarez, vice-diretor de inovações pedagógicas do colégio, conta que os estudantes são desafiados a utilizar a tecnologia nas aulas, porém, sempre questionando-a. “No Colégio Pentágono, acreditamos que o uso da tecnologia deve ser incentivado, mas desde que alinhado ao projeto pedagógico da escola. Sendo assim, os alunos podem usar a inteligência artificial para diversos projetos, seja para pesquisa, para confirmação de dados, para dicas sobre determinado assunto.”
Alvarez acrescenta que, da mesma forma que há o incentivo ao uso de IA, também se orienta sobre a importância de buscar informações em outras fontes, como livros e artigos científicos.
“Assim, o aluno poderá comparar o conteúdo e desenvolver o próprio pensamento crítico. Sabemos que, no futuro, se destacarão aqueles que sabem usar a IA como aliada, por isso é importante que os alunos compreendam, desde a escola, os limites éticos dessas ferramentas”, afirma Bruno Alvarez.
No final de novembro, o ChatGPT completou um ano de seu lançamento. A inteligência artificial consegue estabelecer conversas complexas usando os milhões de dados que existem na internet e simulando a linguagem humana. Dentro do meio educacional, é possível utilizá-lo para correções gramaticais, comparações, organizações textuais e até pesquisas.
Embora a tecnologia traga pontos positivos, ao ser usada de forma incorreta, ela contribui, por exemplo, para a disseminação de informações não verdadeiras, atrapalhando o aprendizado e rendimento dos estudantes, e dificultando o trabalho do professor.
Daniela Machado, coordenadora de educação do projeto EducaMídia, reforça que os jovens devem checar as informações que recebem do ChatGPT. “Combater a desinformação é uma missão que devemos abraçar a todo momento, em todas as situações. Sabemos que informações falsas, divulgadas com a intenção de enganar ou convencer alguém, não nasceram com a internet, com as redes sociais ou com a IA.”
A especialista lembra que tais inovações deram alcance e velocidade jamais imaginados a esses fenômenos negativos. “Ferramentas como o ChatGPT ‘alimentam-se’ de gigantescos bancos de dados na internet e, com isso, podem reproduzir informações pouco ou nada confiáveis. Precisamos avaliar a confiabilidade dos conteúdos gerados, levando em consideração quais são as fontes de informação utilizadas, quais as evidências do que está sendo dito, quem se beneficia e quem é prejudicado por aquela determinada mensagem, se há outros pontos de vista que deveriam ser incluídos etc. A prática de ‘entrevistar’ a informação, ao invés de simplesmente consumir tudo o que chega até nós, vale também para textos produzidos pelo ChatGPT.”
Daniela ainda acrescenta que a escola desempenha um papel fundamental para que os jovens possam usar a tecnologia de forma crítica e consciente.
“É importante que as crianças e os jovens tenham a oportunidade de discutir as implicações éticas e sociais de usar ferramentas de inteligência artificial. Por isso, o olhar dos educadores e da escola precisa ir além do ferramental: não se trata apenas de aprender o que são algoritmos ou programação”, orienta Daniela Machado.
Outro ponto essencial, segundo a especialista, é conversar sobre como a IA pode perpetuar preconceitos e estereótipos, de que maneira os bancos de dados acessados por ferramentas como o ChatGPT podem estar ‘contaminados’ por desinformação, quais são as limitações dessas tecnologias, de que maneira podemos fazer um uso mais consciente, criativo e ético delas.
Para que os educadores possam auxiliar seus alunos a usarem a IA de forma consciente, Bruno Alvarez, vice-diretor de inovações pedagógicas do Colégio Pentágono, dá quatro dicas:
Revista Educação: referência há 28 anos em reportagens jornalísticas e artigos exclusivos para profissionais da educação básica
Escute nosso episódio de podcast: