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Por João Vitor Marliére: De estudantes a professores, diversas mudanças e adaptações se tornaram necessárias para que as aulas pudessem continuar durante a pandemia da covid-19. Diante dessa nova realidade, Nina Silva, professora de educação infantil da rede pública de Paraty, decidiu testar uma nova […]
Publicado em 15/12/2023
Por João Vitor Marliére: De estudantes a professores, diversas mudanças e adaptações se tornaram necessárias para que as aulas pudessem continuar durante a pandemia da covid-19. Diante dessa nova realidade, Nina Silva, professora de educação infantil da rede pública de Paraty, decidiu testar uma nova abordagem com seus alunos, a metodologia Montessori.
Conhecida por conta de sua criadora Maria Montessori (1870-1952), a proposta privilegia a liberdade individual dos estudantes e permite que eles se descubram durante o processo de aprendizado. Edimara de Lima, presidente da Organização Montessoriana no Brasil (OMB), explica que essa metodologia deve ser considerada um método científico.
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“Montessori percebeu que a aprendizagem é um ato individual e peculiar a cada criança, o que a levou a perceber o conceito de autoeducação e, consequentemente, o conceito de ambiente preparado (organizado pelo adulto para favorecer a atividade da criança na construção de seu conhecimento). A visão de Montessori do processo educacional é científica”, diz a presidente da Organização Montessoriana no Brasil.
Ao perceber os impactos positivos da iniciativa da professora Nina, em 2022, a Secretaria de Educação de Paraty resolveu ampliar a metodologia Montessori para outras escolas infantis da cidade. Atualmente, 22 turmas já possuem ambientes estruturados e prontos para as crianças, e o plano da secretária de Educação Gabriela Gibrail é aumentar ainda mais, atendendo cerca de 840 crianças, divididas em 40 turmas.
Gabriela Gibrail conta que algumas mudanças e adaptações foram necessárias para que a metodologia fosse aplicada na cidade, entre elas: investimentos em profissionais qualificados na abordagem Montessoriana para formação continuada, investimento na compra de materiais específicos (móveis e materiais escolares) e reorganização curricular.
Além disso, a secretária fala sobre algumas mudanças tanto físicas nas salas de aula, quanto na formação dos profissionais que ocorreram após a implementação da nova estratégia educacional da cidade. “Há organização das salas, concepção de espaço de convivência, acessibilidade dos materiais, formações mais especializadas tanto no que se refere ao atendimento para o desenvolvimento da criança, quanto dos educadores”, detalha Gabriela.
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Em relação ao início do projeto em Paraty e se os planos foram cumpridos, Gabriela diz: “A expectativa era ver o que estudávamos na teoria acontecer na prática. Conseguimos ter o Ambiente Psíquico e o Ambiente Físico Preparado, em que a criança se equilibra, e podemos constatar a harmonia no desenvolvimento infantil”.
Segundo Edimara de Lima, presidente da Organização Montessoriana no Brasil, uma boa implementação escolar pede ação gradual e constante.
“A estrutura pedagógica de uma instituição não pode ser mudada repentinamente, ela deve ser construída paulatinamente para que seja consistente com o ideal almejado”, orienta Edimara.
A principal vantagem da proposta montessoriana, para Edimara de Lima, é a perenidade, já que por privilegiar a autoeducação, permite que as escolas estejam sempre alinhadas com as demandas dos alunos. “Por ser um sistema que privilegia a visão científica, ele está sempre atualizado e respondendo às necessidades de cada cultura, de cada criança, de cada jovem.”
“Creio que a maior ‘vantagem’ de Montessori é que sua preocupação é com o aprender do aluno e não com o que vai ensinar o professor. Sabendo como cada indivíduo aprende, fica mais fácil disponibilizar qual conteúdo das áreas de conhecimento”, completa Edimara.
Ainda segundo a presidente da OMB, casos de implementações bem-sucedidas podem ser encontrados em todo o Brasil. “Temos escolas privadas que se destacam em avaliações como o Enem em Alagoas e Mato Grosso do Sul, escolas e bibliotecas municipais de Camaquã e Capão da Canoa no Rio Grande do Sul”, garante.
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