NOTÍCIA
Publicado em 24/01/2012
No interior paulista, um secretário municipal que trabalha em uma saleta, dividido entre funções administrativas e pedagógicas
Cândido Rodrigues é um pequeno município localizado a 354 km de São Paulo. Assim como em outras cidades do interior paulista, a primeira visão que se tem do município é a de uma praça rodeada por árvores, banquinhos e casas onde o silêncio impera. Algumas ruas abaixo da Praça do Cristo encontra-se uma das únicas três escolas do município: a Escola Municipal Rizzieri Polletti.
Logo na entrada da escola, uma sala com o nome “Secretaria da Educação” pintado em letras coloridas em cima da porta chama a atenção. Era lá que o antigo secretário de Educação trabalhava, mas, desde que assumiu o cargo em 2005, Vitor Hugo Pissaia abriu mão do espaço para que a coordenação pedagógica pudesse usá-lo. Hoje, a secretaria de Educação fica em uma sala ainda menor, nos fundos da escola, em frente ao refeitório dos alunos. Pissaia não encontra dificuldades para abrigar sua equipe pedagógica, já que ele é o único funcionário presente na folha de pagamento do órgão. “A secretaria não tem nem orçamento próprio. É tudo centralizado na prefeitura. Quando precisamos de recursos, enviamos solicitações aos setores competentes, para a aprovação do prefeito”, diz.
Como está instalado na escola, o secretário acaba assumindo outras funções. “Faço alguns trabalhos que não são inerentes à pasta. Cuido bastante da parte pedagógica, e não de gestão”, conta Pissaia, que chegou até a participar dos Horários de Trabalho Pedagógico Coletivos (HTPCs), destinados a diretores, orientadores pedagógicos e professores. Para suprir as necessidades de seu município, Pissaia aposta em projetos de leitura e escrita feitos anualmente sobre temas da região, além da adoção de um sistema apostilado. Para a realização de um desses projetos, ele criou e desenhou “A turma do limo” (o limão é a base da economia da cidade), cujos personagens retratam figuras que predominam no município. A partir das ilustrações do secretário, os alunos criaram histórias que foram publicadas em um livro patrocinado, em grande parte, pelos comerciantes da cidade.