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Evento de inovação apresenta as novidades tecnológicas já em curso e que podem impactar diversas áreas do conhecimento, inclusive a educação Filipe Jahn Se você acha que gadgets como tablets e aplicativos são o que há de mais avançado na tecnologia atual para uso em […]
Publicado em 27/03/2013
Evento de inovação apresenta as novidades tecnológicas já em curso e que podem impactar diversas áreas do conhecimento, inclusive a educação
Filipe Jahn
Se você acha que gadgets como tablets e aplicativos são o que há de mais avançado na tecnologia atual para uso em sala de aula, considere-se ultrapassado. As verdadeiras inovações que estão surgindo vão provocar uma nova revolução dentro das mudanças que já ocorrem em diversas áreas, incluindo a educação. Pelo menos isso foi o que pôde ser constatado durante a visita da revista Ensino Superior à edição 2013 do Campus Party, evento de inovação ocorrido em São Paulo no final de janeiro, que apresenta e discute as últimas novidades no mundo da tecnologia.
“Nós vimos na história da humanidade momentos de mudanças radicais e agora estamos no meio de uma transformação tecnológica sem precedentes”, afirmou Salim Ismail, diretor-fundador da Universidade Singularity, na Califórnia (EUA), enquanto participava do evento.
A velocidade de propagação da tecnologia pode ser exemplificada pelo avanço dos computadores. Em 1997, pela primeira vez na história, um computador chamado Deep Blue venceu um homem, o então campeão mundial de xadrez Garry Kasparov. Hoje máquinas com a mesma capacidade de armazenamento e processamento são consideradas ultrapassadas. Em menos de dez anos, os computadores terão a equivalência do cérebro humano.
Novas soluções
De acordo com Ismail, desde o início da comunicação, há milhares de anos, até 2003, a humanidade produziu o equivalente a cinco gigabytes de informação. Em 2013 se chega a essa mesma quantidade em apenas 10 minutos. Na opinião do professor, esse volume incalculável de conteúdo é uma fonte inesgotável de oportunidades para aqueles que conseguem discernir a boa da má informação e buscam alternativas para mudar o seu entorno.
Entre as novidades destacadas por Ismail está a impressora 3D, a qual permite reproduzir o formato de diversos produtos com diferentes utilidades. Até pouco tempo atrás a impressão era feita somente a partir de um molde físico, hoje novos objetos podem ser reproduzidos mesmo se construídos digitalmente. Novas pesquisas já buscam usar a tecnologia para objetivos mais ousados, como a fabricação de casas e órgãos.
Outras inovações, em fase adiantada de pesquisa e mais próximas da comercialização, são os carros autoguiados e os óculos de realidade aumentada. Se no primeiro caso podemos imaginar o fim dos acidentes (e multas) de trânsito, o segundo pode surgir como o fim dos smartphones. “Isso tudo pode significar uma mudança drástica em como pensamos a arquitetura, engenharia e medicina”, asseverou Salim Ismail.
A área da saúde, aliás, é uma das que mais se beneficia das inovações, como no caso dos programas que permitem realizar operações delicadas. Uma previsão feita pela Universidade Singularity afirma que em dez anos cerca de 80% do trabalho da medicina poderá ser feito por meio de produtos tecnológicos.
Uma invenção que futuramente pode mudar a maneira de ensinar é uma máquina que se baseia em teorias recentes da neurologia e analisa o cérebro do aluno durante a exposição de um assunto para verificar a assimilação apropriada do conteúdo. Segundo José Cordeiro, também professor da Universidade Singularity, tal avanço pode ajudar os professores a visualizar os problemas de aprendizagem dos estudantes, inclusive em tempo real.
Para Cordeiro, o uso de dispositivos eletrônicos para disponibilizar conteúdos é uma tendência que em breve será a regra no ensino superior. “Isso facilita especialmente a atualização constante dos conteúdos, processo indispensável na realidade atual”, comentou.
Outro exemplo do impacto da tecnologia dentro das salas de aula vem da Coreia do Sul, onde robôs conhecidos como Engkey substituem professores de inglês. Mas mesmo a barreira da língua já não é mais problema para travar uma conversa, pois existem aplicativos que traduzem instantaneamente uma conversa de voz em texto.
Em nome da ação
Marc Prensky, especialista em educação, autor do livro Brain Grain: Technology and the Quest for Digital Wisdom, acredita que em pouco tempo a língua deixará de ser uma barreira para o estudo. De acordo com ele, aliado à evolução da educação a distância, isso significa um novo patamar na busca pela qualidade e oferta de cursos. “Por que um aluno vai querer ter um diploma no Brasil, se poderá ter um de Harvard, que será igualmente válido?”, polemizou.
Na opinião de Prensky, a educação não é feita para o passado, mas para o futuro. Desse modo, todas as inovações, por mais rápidas que surjam, serão sempre “substantivos”, que como na ordem natural devem servir aos “verbos” da educação. Conforme ele, verbos esses que nunca mudam: pensar, analisar, calcular… “O poder da tecnologia não está na capacidade de fazer coisas velhas de maneiras novas, mas de fazer algo que não podíamos fazer antes”, completou.
No entanto, Prensky alertou para o uso que se faz da tecnologia, que, por parte dos educadores, ainda é pensada mais como ferramenta, enquanto que do lado dos que aprendem se torna um fundamento.
Não há dúvidas de que muitas das tendências inovadoras observadas se tornarão o modelo corrente dentro de alguns anos. Nessa perspectiva, muitos dos produtos agora populares e julgados inovadores ganharão espaço no mesmo lugar onde estão guardados o CD, o pager e o videocassete.
Para assistir na web: |
• Óculos de realidade aumentada: http://tinyurl.com/ayouvz9 • Carro autoguiado: http://tinyurl.com/6hodxjd • Engkey: http://tinyurl.com/a7j7e3v • Impressora 3D: http://tinyurl.com/btolxcc |