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Empreendedores da educação

Quem são as pessoas que estão tentando mudar a educação por meio da tecnologia

Publicado em 06/02/2013

por Deborah Ouchana

São muitas as iniciativas que visam melhorar a qualidade da educação brasileira. Longe de ser um tema que se restringe aos especialistas da área, a educação tem despertado o interesse de profissionais de diferentes segmentos que querem unir os negócios à vontade de transformar a educação. Modificar o modelo educacional que conhecemos hoje, por meio da tecnologia, é o principal objetivo desses novos empreendedores.  Na última quinta-feira (31), quatro deles apresentaram suas propostas na mesa “Empreendedores pela educação”, na Campus Party, em São Paulo.

“Acreditamos que com o advento da tecnologia tudo mudou. A forma como trabalhamos e trocamos informações. Mas o aprendizado ainda não conseguiu utilizar tudo que a tecnologia tem para oferecer”, defendeu Thaís Suzuki, da Geekie, abrindo as discussões do painel.  A Geekie é uma empresa que aposta no ensino adaptativo e, para isso, conta com a ajuda de algoritmos para traçar o perfil dos alunos que utilizam a plataforma, da mesma forma que sites como Google, Facebook e Amazon identificam as características de seus usuários. A ideia é que a partir dessas informações o professor possa planejar a apresentação de conteúdos e exercícios que melhor se adaptem a cada estudante.

Já para Camila Haddad, fundadora da startup Cinese, a educação hoje não forma empreendedores, pois adota um modelo que não permite que os alunos sejam protagonistas da aprendizagem.  A mestre em desenvolvimento sustentável, que se considera em um momento de “desescolarização”, encontrou no crowdlearning uma opção diferente do modelo tradicional professor-aluno.  O Cinese afirma que qualquer um pode ensinar e propõe que as pessoas compartilhem seus conhecimentos por meio dos encontros promovidos pelo site. “Quanto mais gente compartilhando o que sabe, melhor”, acredita Camila.

Entusiasta da tecnologia, Samir Iásbek fundou o Qranio.com, site de jogos educativos. O mineiro conta que nunca gostou de estudar, mas sempre teve prazer em aprender. Por isso decidiu criar uma plataforma que permitisse que os jovens aprendessem se divertindo. A fórmula encontrada foram os jogos de perguntas e respostas de conhecimentos gerais, onde o usuário pode escolher uma categoria específica e trocar os pontos acumulados por prêmios reais. O objetivo da startup está longe de ser a substituição do ensino formal pelos games: “a ideia é que os jovens joguem fora da sala de aula, no metrô, ou na espera de uma consulta médica”, explica Iásbek.

Outra empresa presente no evento era a Veduca, portal que disponibiliza videoaulas de diversas universidades do mundo, como Harvard, Stanford, Yale, Princeton, USP, Unesp e Unicamp. Com mais de 5 mil aulas e parte do material legendado em português, o site, que ainda não completou um ano, já atingiu a marca de 1,3 milhão de visitantes. “Nós atingimos esse número sem nenhuma publicidade, o que significa que há uma demanda muito grande por aprendizado no Brasil”, aponta Carlos Souza, fundador do portal.

Contraponto
“Não basta fazermos coisas para a educação, mas sim fazermos com a educação. O que a nossa educação precisa? Como podemos caminhar juntos com quem faz a educação?”, indagou aos convidados a mediadora da mesa Maria Elizabeth de Almeida, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP) e pesquisadora das novas tecnologias em educação.  “Tendemos a buscar alguma solução que dê conta do problema rapidamente. Mas não há resposta única para o nosso país. Nada do que foi apresentado aqui serve para todas as situações, mas podem servir para muitas. Por isso temos de ajudar a criar o empreendedorismo em cada contexto”, acrescentou.

A professora acredita que as iniciativas colaboram para romper estruturas organizacionais rígidas e sinalizam um desafio: a abertura do currículo para que as funcionalidades da tecnologia sejam incorporadas, permitindo uma maior participação dos alunos, a autonomia em relação ao aprendizado e o trabalho colaborativo.

Como um alerta para os mais crentes na tecnologia como o ponto chave para uma educação de qualidade, Maria Elizabeth frisou ainda que o futuro da educação não está no e-learning, mas na integração do ensino presencial e a distância. “A educação não se faz apenas com a produção de materiais didáticos, ainda que eles sejam excelentes materiais multimídias. A educação se faz pela atividade dos sujeitos. O quanto a educação será olho no olho ou o quanto será a distância será determinado pelas condições e objetivos de cada contexto”, finalizou.

Autor

Deborah Ouchana


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