NOTÍCIA

Edição 243

Autor

Camila Camilo

Publicado em 11/10/2017

Escolas particulares inovam em propostas de formação em serviço

Presença de um coordenador pedagógico de área e outro de série é uma das estratégias utilizadas por instituições da rede privada para minimizar dilema de lidar com professores de especialidades diferentes

Escolas particulares inovam em propostas de formação em serviço

Formação em serviço: atividade formativa no Colégio Móbile, em São Paulo, quando os docentes da escola receberam a psicóloga Luciane Gonzales, que falou sobre “Sexo, identidade de gênero e orientação sexual” (Crédito: © Gustavo Morita)


Tanto instituições públicas quanto privadas de ensino vêm apresentando novos modelos de formação em serviço, arquitetados pelo coordenador pedagógico e centrados no que acontece na escola.
Na Escola da Vila, em São Paulo, há um coordenador pedagógico por segmento, da educação infantil até o ensino médio. Eles fazem a gestão do projeto pedagógico, são responsáveis pela coerência e revisão curricular e acompanham o trabalho dos orientadores pedagógicos. Estes são professores-referência que se tornam interlocutores dos docentes. Há um orientador por conjunto de séries. Na educação infantil, há três. No ensino fundamental, há um para o período da alfabetização e do conhecimento do sistema numérico e outro para os últimos anos da etapa. No fundamental 2, o cargo é ocupado por professores formadores.
Esses profissionais acompanham o trabalho dos docentes, questionando, fazendo contribuições, propondo outros agrupamentos e dando sugestões diversas. Os professores mais novatos se encontram com o orientador semanalmente. Quem tem mais experiência tem encontros quinzenais e aqueles que estão há ainda mais tempo na docência podem solicitar a reunião quando necessário. Nas reuniões, ambos discutem as estratégias de ensino e fazem problematizações focadas na prática.
O orientador também observa as aulas. Elas podem ser gravadas, inclusive pelo próprio professor, ou assistidas pessoalmente. “São situações em comum acordo com a finalidade de pensar junto. É ação, reflexão sobre a ação, reflexão sobre a reflexão”, conta Fernanda Flores, diretora pedagógica da educação infantil e do ensino fundamental 1 da Escola da Vila. Semanalmente, a instituição realiza uma formação para todos os professores. Fernanda conta que, algumas vezes, são os próprios professores que planejam as reuniões pedagógicas. “Se a gente quer um aluno autor, protagonista, a gente tem de botar o professor nesse papel também”, afirma.

Estrutura X especialidade

Em algumas instituições privadas a estrutura minimiza o dilema do coordenador pedagógico que tem de lidar com professores de especialidades diferentes da dele. As instituições definem dois profissionais: um especialista e outro voltado aos aspectos didáticos, a metodologias, questões de desenvolvimento e até com o contato com as famílias.
O Colégio Palmares, em São Paulo, é um exemplo. Lá há dois tipos de coordenadores. Um de área, responsável pelos pontos mais específicos do conteúdo, pelo andamento pedagógico do trabalho e por apoiar os professores na preparação de material. E o de série, que faz a ponte com as famílias e com o todo da escola. Marilda Britto é pedagoga de formação e trabalha como orientadora educacional e coordenadora dos segundos e terceiros anos do ensino médio. “O professor dialoga com alguém da área dele, que tem a mesma linguagem. Enquanto isso o orientador, o diretor e o coordenador de série trazem uma visão panorâmica da comunidade escolar”, conta.
A organização é semelhante no Colégio Móbile, onde também há um coordenador de área e outro de série. Os dois trabalham juntos. “Há um coordenador de área por disciplina e eles analisam o currículo, os pressupostos didáticos e estabelecem diálogo com a direção e com os coordenadores de séries. Estes, por sua vez, atendem as crianças e os pais e organizam os projetos pedagógicos”, explica Cleuza Vilas Boas, diretora do ensino fundamental do Colégio Móbile, na capital paulista. Na capacitação do colégio, os professores de cada série se reúnem uma vez por semana. Eles têm 100 minutos para discutir currículo, estabelecer diálogos, propor reflexões e outros 100 minutos com os coordenadores de série para ajustar os projetos à faixa etária e para as capacitações.


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