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Gestão

Escolas conectadas: aprendizagem em tempos de coronavírus

Dicas para planejar e preparar as aulas digitais são alguns pontos que a diretora do CIEB aponta neste artigo

Publicado em 17/03/2020

por Redação revista Educação

Por Lucia Dellagnelo*

Com a suspensão das aulas em algumas localidades como estratégia para conter o coronavírus, escolas estão diante de um novo desafio: como continuar garantindo o direito à aprendizagem dos seus estudantes em situações tão adversas?

A transição entre ensino presencial para o ensino online requer planejamento e investimentos que não serão possíveis em curtíssimo prazo. Mas que esta situação emergencial sirva de alerta para a necessidade de criarmos no Brasil Escolas Conectadas capazes de oferecer experiências híbridas de aprendizagem, isto é, que consigam integrar ensino presencial e online.

Leia: Coronavírus: como as escolas devem agir

Uma Escola Conectada é aquela que tem uma visão clara e estratégica do uso da tecnologia para aprendizagem, expressa no seu currículo e nas práticas pedagógicas adotadas por seus professores. Gestores e professores devem possuir competências digitais que englobam habilidades pedagógicas, de cidadania digital e de desenvolvimento profissional. A escola deve possuir um repertório de recursos digitais selecionados alinhados ao currículo, e disponibilizar infraestrutura adequada ao uso pedagógico da tecnologia, tanto em termos de equipamentos quanto de conectividade.

Apoio

O Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB) tem trabalhado desde 2016 para ajudar Secretarias de Educação a transformarem as escolas de sua rede em Escolas Conectadas. Faz isso por meio da disponibilização de produtos e ferramentas para diagnóstico e planejamento de ações para o uso pedagógico da tecnologia e capacitação da equipe técnica.

Por conta do coronavírus, neste momento emergencial, no qual aproximadamente 290 milhões de estudantes estão sem frequentar escolas em muitos países, e que aumentam no Brasil o número de cidades que seguem a mesma determinação, é importante fornecer algumas orientações para ajudar as escolas a oferecerem atividades educativas online.

O primeiro passo é planejar com a equipe da escola o que será feito. Cada professor continuará com o conteúdo de suas disciplinas? Será criado um projeto integrador que integre conteúdos de várias disciplinas? Na China, por exemplo, algumas escolas criaram projetos integradores sobre a epidemia que integravam conteúdos de ciências, história e matemática além de informações de saúde.

O segundo passo é definir um processo comum e ferramentas que concentrem a comunicação e todas as informações da escola. Isto é importante para criar uma via oficial de comunicação e evitar mensagens conflitantes e fake news entre os membros da comunidade escolar. É importante estabelecer contato não apenas com os alunos, mas também com os pais principalmente de estudantes dos anos iniciais de escolarização. Existem várias ferramentas disponíveis online, com opções grátis e pagas, desde plataformas de gerenciamento de aprendizagem (LMS) como Google Classroom, Microsoft Teams Canvas, Edmodo (http://link.cieb.net.br/ava), tecnologias para interações online como Skype, Zoom, Google Hangouts, e para trabalhos colaborativos como G Suite, Padlet e Office 365 .

Leia: Como integrar conteúdo da cultura digital à grade curricular

Grupos de comunicação como Whatsapp ou Telegram entre os profissionais da escola e dos professores com seus alunos também podem ser úteis para manter uma via de comunicação mais rápida e direta, mas não substituem a necessidade de um ambiente que reúna (e registre) todo o conteúdo disponibilizado pelos professores aos alunos.

O terceiro passo é preparar os materiais e as aulas digitais, que podem ser compostas por recursos educacionais disponíveis online e materiais produzidos pelos próprios professores. É importante que o material seja disponibilizado em diversas midias ou meios, como vídeos gravados por professores, textos, e repositórios de recursos educacionais digitais que apresentem conteúdos interativos, exercícios e jogos.

No Brasil os professores podem acessar muitos destes recursos na Plataforma Integrada MEC RED http://plataformaintegrada.mec.gov.br/home disponibilizada pelo Ministério de Educação e a Escola Digital http://www.escoladigital.org que além do acervo nacional contém portais customizados para muitas redes de ensino. Neste momento, de pouco tempo para planejamento, é importante acessar recursos educacionais digitais que pré-selecionados e classificados de acordo com o conteúdo pedagógico e adequação para cada ano escolar.

O quarto passo, não menos importante, é garantir equidade. É fundamental avaliar se todos os alunos terão acesso aos conteúdos disponibilizados pelos professores. Gestores e professores devem estar atentos aos casos onde a participação de alunos nas atividades online não for possível e buscar formas alternativas de garantir o acesso.

Formação para o século 21

Sabemos que para os professores esta transição imediata e não planejada para o ensino online trará grandes desafios. A maior parte dos professores brasileiros não foi preparada para integrar tecnologia nos processos de ensino aprendizagem e para ensinar de forma online. Aqui surge mais uma vez o alerta para necessidade de incluir este tema na formação inicial e continuada dos professores.

Dizem que as crises são momentos de grandes oportunidades. Espero que esta crise advinda do coronavírus, além dos impactos na economia e na saúde que pode impactar significativamente a grave crise de aprendizagem já existente no Brasil, seja um sinal claro que precisamos usar a tecnologia como aliada para enfrentar o desafio de educar todas as crianças e jovens brasileiros em qualquer lugar e circunstância.

Lucia Dellagnelo é doutora e mestre em Educação pela Universidade de Harvard.  Diretora do Centro de Inovação para Educação Brasileira-CIEB

aprendizagem coronavírus escolas

Coronavírus traz alertas para a educação do país (foto: Shutterstock)

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Redação revista Educação


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