NOTÍCIA
As edtechs estão despertando a atenção por explorarem e criarem ferramentas tecnológicas voltadas para um mundo irreversivelmente digital
Publicado em 23/05/2020
Startup significa o ato de começar algo. No universo das corporações e empresas, são negócios jovens, com pouco tempo de atividade e compromisso indispensável de incorporar inovação na oferta de soluções. Não se limitam ao meio digital e à infinidade de caminhos encontrados na internet. Mas, nos últimos anos, a quase totalidade desses projetos, no Brasil e no mundo, foi gerada no ambiente aparentemente interminável da web, mesmo porque trazem como característica a exploração de atividades marcadas pelo ineditismo.
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Em dimensões variadas, a oferta de soluções inovadoras é o que diferencia uma startup de um empreendimento tradicional. Adotam tecnologia disruptiva, ou seja, o ato de incorporar, a um produto ou serviço, inovações capazes de superar os modelos estabelecidos. Na educação, startups recebem o nome de edtechs, um acrônimo das palavras education e technology. Oferecem novas formas de abordagem do aprendizado, para simplificar e gerenciar com maior eficiência os processos burocráticos, permitindo a professores, tutores e educadores mais tempo para se concentrar nas necessidades específicas de cada estudante.
Educação ouviu CEOs, sócios e líderes de startups brasileiras para entender como elas estão atuando na pandemia, as perspectivas de futuro após o fim do isolamento social do mundo e as razões do importante crescimento do setor nos últimos anos e, sobretudo, no período atual.
A ampliação de mercado para startups de educação nos últimos meses e a perspectiva de aumento de oportunidades futuras possuem relação direta com a adoção do ensino remoto em todo o país, principalmente em escolas e redes privadas. Semanas atrás, o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb) e a Associação Brasileira de Startups (ABStartups) publicaram uma pesquisa que atesta o crescimento de 23% no número de edtechs no país nos últimos dois anos.
De acordo com o levantamento, das 795 startups do setor educacional mapeadas pelo StartupBase, a plataforma-base de dados oficiais do ecossistema brasileiro destes negócios, 449 estão ativas atualmente no país. Eram 364 até pouco tempo atrás. A maioria tem sede no Sudeste (59%), com preponderância no Estado de São Paulo (35,1%). O boom das aberturas estabeleceu-se a partir de 2010. O mercado mais procurado é da educação básica (ensinos infantil, fundamental e médio), com 70,6% das edtechs, e as plataformas são usadas como tipo de recurso educacional preponderante em 67% delas.
Sete em cada dez edtechs dedicam-se a soluções para a educação básica, 48,1% voltadas aos ensinos fundamental e médio e 22,4% ao infantil. Cerca de 17% oferecem cursos livres, 16% atendem o superior e 13,6% o mundo corporativo (há negócios que se dedicam a mais de um desses setores). A maior parte (158) se dedica ao conteúdo online, seguida pelas orientadas a jogos educativos (42), ambiente virtual de aprendizagem (AVA; 39), plataforma educacional (38), sistemas de gestão educacional (SIG|SIS; 31), plano educacional adaptativo (26), ferramentas de avaliação de estudantes (22), cursos online (14), ferramentas de autoria (dez), e hardware educacional e repositório digital (nove cada).
O Brasil possui 48,5 milhões de estudantes no ensino básico, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao MEC. Neste mercado invejável, maior do que a população da Espanha, era natural que as receitas de startups e edtechs ligadas ao setor aumentassem em média 20% ao ano até 2019. E, como se percebe, os números insinuam que 2020 fechará de forma ainda mais animadora, pois, segundo a Unesco, no momento nada menos do que 1,3 bilhão de estudantes estão afastados das salas de aula brasileiras e mundiais por tempo indeterminado. Neste contexto, o banco inglês Ibis Capital estima que o mercado global de edtechs deverá crescer em torno de 17% em termos mundiais até o final do ano, com faturamento superior a US$ 252 bilhões, equivalentes a apetitosos R$ 1,5 trilhão.
“A demanda por aplicativos de educação no Brasil cresceu cerca de 130% somente em março, primeiro mês da pandemia instaurada”, afirma à Educação o engenheiro André Alves de Souza, cofundador e CEO da startup Shapp. “Ficou atrás apenas da categoria de aplicativos que auxiliam o home office e as videoconferências, e à frente de categorias tradicionais neste universo como entrega e streaming de vídeos”, acrescenta.
Alves de Souza fundou a Shapp em março de 2017 com dois outros amigos de faculdade: os também engenheiros Conrado Luiz Mecchi e Rodrigo Piccoli. É uma startup peer-to-peer, ou ponto a ponto, da sigla P2P, uma rede de computadores que compartilha arquivos pela internet e onde cada terminal funciona ao mesmo tempo como servidor, para oferta de serviços, e cliente (leia texto sobre modelo de negócio das startups e edtechs nesta reportagem). A empresa faz a conexão entre quem deseja ensinar e os interessados em adquirir conhecimento.
O trabalho é feito por meio de um aplicativo que faz a ponte entre mestres e estudantes que vivem ou trabalham próximos um do outro por meio de geolocalização. “O acesso de alunos e professores é realizado pela mesma plataforma. Todos temos algo a aprender e ensinar. Os próprios professores podem recorrer a outros colegas”, explica Mecchi.
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Após o início da pandemia, o total de professores cadastrados na Shapp pulou de mil para dois mil, de mais de cem disciplinas e orientações artísticas e culturais (música, inglês etc.), em 400 cidades brasileiras. A edtech cobra R$ 20 do professor e R$ 5 do aluno pelo contato intermediado na plataforma apenas na primeira vez. “Mas, neste momento de pandemia, as taxas estão liberadas”, alerta Piccoli.
A atuação da Shapp deixa perceber uma característica típica das startups: ocupar nichos deixados pelas limitações, lentidão e peso burocrático das parcelas tradicionais dominantes do setor e, a partir daí, lutar por espaços cada vez maiores nas fatias principais do mercado. Na educação está longe de ser diferente. De origem mineira, a edtech 12min.com, fundada em agosto de 2016, é um exemplo. Trata-se de um aplicativo móvel com assinatura anual que permite aprender algo novo, todos os dias, através de resumos de 12 minutos em áudio e texto dos livros mais vendidos do mundo e de conteúdos originais, em parceria com experts do assunto.
Os principais clientes da 12min são empreendedores estabelecidos e candidatos, pessoas em busca de evolução na carreira e desenvolvimento individual. “Identificamos que a falta de tempo e o excesso de informações consistem em obstáculos para manter uma rotina diária de aprendizado, saber o que aprender e priorizar leituras”, explica Guilherme Gui Mendes, um dos fundadores e CEO do negócio. “Nossa missão é capacitar as pessoas a aprender algo novo todos os dias e descobrir que essa é a chave para promover crescimento pessoal e profissional.”
O projeto, tocado por Mendes e o parceiro Rafael Guimarães, chief technology officer (CTO, ou diretor tecnológico) do negócio, foi ancorado no início por um investimento da plataforma de comercialização de produtos digitais Hotmart, reforçado em 2018 por uma injeção anjo na fundação da empresa e em meados de 2018 tivemos um investimento anjo do fundo Barrah. Mendes evita falar em valores, mas revela que o aplicativo possui hoje “alguns milhões de usuários gratuitos e dezenas de milhares de assinantes”.
Em meio à pandemia, a 12min está produzindo e oferecendo gratuitamente conteúdo e playlists com temas voltados para o período, como autoconhecimento, ansiedade, produtividade e ferramentas para enfrentar a crise. Quem fizer assinatura durante a quarentena terá desconto de 30%. O plano mais barato custa R$ 400.
Mendes critica os que acusam startups como a dele de fazer parte de um movimento contrário à leitura densa, algo que “emburrece” as pessoas e as afasta dos livros completos. “Isso não é verdade”, apressa-se em reagir. “A prova maior disso é que somos grandes parceiros de diversos autores e editoras, que nos enxergam como vitrines e impulsionadores do consumo de seus livros. O fato é que, culturalmente, o brasileiro não tem o hábito da leitura e ouvir resumos funciona como uma porta de entrada para esse universo. Alguém que não tem o costume de ler e tampouco uma rotina de aprendizado, e passa a consumir resumos de livros, tem muito mais probabilidade de começar a ler do que quem consome conteúdo apenas por meio da tevê e das redes sociais”, defende.
E o que mudará para as edtechs no cenário posterior ao arrefecimento da pandemia? O que ele trará de benefícios para esse mercado? “Algumas coisas relacionadas à vida das pessoas, e, sinceramente, positivas para o setor, já ficaram claras. A primeira delas é a de que o trabalho remoto se tornou uma realidade muito mais evidente, e quem estava distante precisará se adaptar ao novo contexto. A pandemia mostrou para muitos mercados e empresas que o trabalho remoto é viável, a verdade de ser produtivo trabalhando remotamente, o que, além de tudo, reduz bastante os custos. A ampliação das atividades a distância será um caminho inevitável” aposta.
Outra mudança virá, segundo ele, na avaliação dos gastos e das atitudes. “Creio que as pessoas ficarão mais conscientes em relação a seus gastos, concentrando-se no que é realmente necessário e consumindo menos por consumir”, acredita. “Nesse contexto, será preciso se posicionar cada vez mais com propostas de valor claras, capazes de trazer benefícios reais e tangíveis para a vida das pessoas. E deixar isso cada vez mais explícito na comunicação e principalmente na entrega para os clientes. O momento trouxe introspecção e retomada de valores como simplicidade. Haverá oportunidades a serem exploradas no conhecimento. A busca por capacitação crescerá continuamente, especialmente com relação a finanças e planejamento. Muitos estavam despreparados quando a crise chegou e a busca por preparo surgirá como consequência disso.”
Outra edtech que cresce em espaços não totalmente cobertos pelas estruturas tradicionais de comunicação é a Mangahigh. No Brasil desde 2012, a startup de origem britânica é uma das plataformas educacionais pioneiras por aqui com a criação de conteúdos didáticos de matemática e raciocínio lógico por meio de games e quizzes para crianças e adolescentes na educação básica. Os conteúdos são alinhados aos de currículos nacionais dos Estados Unidos e de países da América do Sul, Ásia, Europa e Oceania. Aliam pedagogia e aprendizado personalizado com o lúdico.
Os estudantes aprendem a matemática de acordo com as competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). As interações dos alunos com as atividades da Mangahigh geram dados em tempo real, que alimentam as ferramentas de análise de diagnóstico da plataforma para utilização dos professores. Com uso de inteligência artificial, a Mangahigh cria trilhas personalizadas para cada aluno através de recomendações de estudo, favorecendo o aprendizado por meio de atividades de fixação e reforço, sobretudo para alunos com dificuldades. E também de extensão, para os que avançaram e estão prontos para novos desafios. O negócio recebeu investimentos de vários fundos ligados à educação, entre eles Pearson e Gera Venture. Em 2018, foi incorporado ao grupo educacional alemão Westermann Gruppe (www.westermanngruppe.de/). Hoje, tem mais de cinco mil escolas parceiras em mais de 50 países, 650 delas no Brasil.
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Em março, com a pandemia, os conteúdos da Mangahigh foram completamente abertos para escolas e alunos. Qualquer unidade pública ou privada pode fazer uso irrestrito e gratuito dos conteúdos da plataforma pelo menos até o final de maio. O período poderá ser revisto de acordo com a evolução do vírus e medidas de combate em cada país onde a empresa atua.
George Balbino, vice-presidente da Mangahigh Brasil, destaca a importância da adoção da tecnologia em maior escala, após a pandemia, em um ponto importante: o preparo contínuo do educador. “A formação inicial e continuada dos professores é de importância vital para esse novo momento da educação mundial, principalmente para aqueles que atuam nas redes públicas, onde a tecnologia muitas vezes era e é vista como nice to have (seria ótimo ter) em vez de essencial”, destaca ele à revista. “O caráter indispensável passará a ser a nova realidade. Imaginem o quanto seria adverso nesta crise se não pudéssemos recorrer às tecnologias como facilitadoras do trabalho em home office, com smartphones, aplicativos, videoconferência, plataformas adaptativas, inteligência artificial e outras ferramentas. O potencial do setor no Brasil é enorme, sobretudo quando se considera a realidade praticamente intocada das redes públicas em um país com essa dimensão e quantidade de alunos”.
Na avaliação de Balbino, o novo coronavírus impôs ao setor um “teste de fadiga” que ajudará no preparo para o aumento de demanda que está por vir. “A pandemia trouxe à tona uma série de fragilidades do sistema educacional. Ela nos fará refletir ainda por muito tempo sobre as medidas que terão de ser consideradas e implementadas a toque de caixa, se quisermos estar mais bem preparados para dar respostas à sociedade no dia a dia e também em situações de desafios semelhantes”. Segundo ele, apenas um terço das startups, incluindo as edtechs, sobrevivem aos dez primeiros anos. “Os números no Brasil não fogem muito dessa realidade mundial. Há grandes oportunidades, mas há riscos elevados”, chama atenção.
Os empreendedores de edtechs sabem que a fase de pandemia exige solidariedade, com ofertas de descontos e facilidades de acesso, e que a postura poderá render bons frutos de faturamento e marketing ali na frente, quando as coisas voltarem ao normal. Fundada em 2015 na Argentina, a Digital House é uma escola de formação de profissionais de alta performance para o mercado digital. Em São Paulo desde abril de 2018, a escola oferece vários cursos intensivos e presenciais na área.
No momento, todos os alunos da empresa fazem seus cursos em formato remoto durante o período de isolamento social. “E, da mesma forma, seguimos com as ações de promoção e de captação de alunos dentro deste mesmo formato”, explica o diretor de marketing, BI, Vendas B2C e Customer Success, Cristiano Soares Augusto Santos. A Digital implantou um programa nacional de oferta de 300 bolsas de estudo com descontos a partir de 60%. Destas, 54 darão 100% de gratuidade. “Levando em consideração que o ticket médio de nossos cursos está na ordem de R$ 11.800, estamos promovendo um investimento de mais de R$ 1 milhão em ofertas para a sociedade nos cursos de Desenvolvimento Web Full Stack Node e Marketing Digital”, detalha Santos. “Acreditamos no talento digital dos brasileiros. Queremos chegar aos quatro cantos do país e mostrar, na prática, que é possível ser especialista em programação ou em marketing onde quer que a pessoa esteja”, acrescenta.
A Digital House formou mais de 15 mil profissionais na Argentina e, por enquanto, mil no Brasil. Santos lembra de estudos que se tornaram famosos recentemente para apostar no empreendimento. “De acordo com o relatório The Future of Jobs 2018, realizado pelo Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças hoje matriculadas no ensino fundamental trabalharão em cargos que não existem atualmente. No mesmo trabalho, estimam que, até 2022, cerca de 54% da população mundial – mais da metade, portanto – precisará atualizar seus conhecimentos e adquirir novas habilidades para competir no mercado de trabalho.”
O diretor reforça seu discurso de fé. “De acordo com a ABStartups e a Brasscom, até 2024 o Brasil terá cerca de 420 mil vagas profissionais em tecnologia abertas, mas ainda faltará mão de obra qualificada para ajudar nos processos de transformação digital das empresas”, radiografa. “Isso demonstra o potencial das formações ligadas às habilidades digitais. E também a oportunidade para jovens e adultos entrarem rapidamente no mercado de trabalho. Temos no Brasil atualmente nove milhões de estudantes em ensino a distância, de acordo com a associação do setor. Creio que superamos a fase de preconceito com a modalidade, mas ela ainda carece de planejamento para oferecer melhor experiência. Nossos maiores desafios são conquistar e, acima de tudo, reter a atenção dos alunos. Isso exige das instituições de ensino a promoção de conteúdos interativos e dinâmicos”, prega o diretor.
A StartSe, outra startup dedicada à formação, adotou estratégia semelhante. A empresa se define como uma “escola de negócios para quem quer transformar o seu futuro hoje”. Fundada há quatro anos, é uma edtech voltada ao público “empreendedor executivo”, como definiu para Educação o CEO, Pedro Englert. Trabalha com eventos e conferências, programas internacionais, educação executiva e cursos online (atualmente 22 deles são oferecidos no portal).
A empresa, que se define como a “maior startup de educação executiva do país”, está oferecendo em seu site inscrição gratuita para o “maior programa de capacitação de empresários, gestores, empreendedores e profissionais que desejam reduzir os impactos da crise em 2020”. A empresa diz ter reunido mais de 77 mil alunos em mais 300 cursos, programas de imersão internacional e atividades empresariais desde 2014.
Aliás, as edtechs voltadas ao setor corporativo, a maioria delas no modelo Business to Business (B2B), tendo empresas como clientes, também ganham espaço nesse contexto, mesmo com as concessões “socialmente obrigatórias” exigidas pelo momento. É o caso da Skillio, criada em fevereiro de 2020 com o objetivo de treinar e desenvolver habilidades comportamentais e profissionais em equipes de outras empresas. Os treinamentos envolvem comunicação, trabalho em equipe, criatividade, resolução de problemas e inteligência emocional.
A startup foi fundada em parceria por Marcelo Mejlachowicz, também criador de outro negócio do tipo, a Veduca em 2012, e a especialista em aprendizado de adultos Renata Schiavone. “A Skillio é um spin-off (startup derivada) do Veduca. Combina uma experiência de oito anos em cursos on-line com uma plataforma de tecnologia para o aprendizado de habilidades. Oferecemos ainda produtos personalizados e exclusivos para as empresas de acordo com suas necessidades”, explica Mejlachowicz.
Apesar do pouquíssimo tempo de mercado, já conta com clientes do porte de Stone, Leroy Merlin, Mercedes e Aliansce Sonae, além de pequenas e médias empresas. Na crise, a Skillio está oferecendo o uso gratuito da plataforma por 30 dias a todas as empresas interessadas. Além disso, abriram também uma série sobre inteligência emocional produzida por eles com um neurocientista.
Mesmo com a experiência de pioneiro e do conhecimento profundo desse mercado, Mejlachowicz se surpreende com a rapidez de sua expansão. “Realmente o número de startups educacionais tem crescido de forma acelerada. Quando lancei minha primeira, o Veduca, contávamos nos dedos as edtechs, entre elas Descomplica, Geekie e QMagico. Mesmo fora do Brasil havia poucas, e as grandes, como Coursera, Udacity e Udemy, estavam nascendo”, recorda. “Minha aposta é a de que esse crescimento se manterá, especialmente quando olhamos para o segmento em que atuamos, a educação corporativa, um mercado extremamente pulverizado que movimenta mais de R$ 10 bilhões anuais no país”, acrescenta.
Na avaliação do empreendedor, o mundo pós-covid-19 irá experimentar um grande aumento no número de parcerias e associações. E as edtechs serão um dos caminhos porque, segundo ele, nasceram “com DNA” de conexão e cooperação. “Podemos apostar que o próximo grande grupo de educação brasileiro virá da associação de diferentes empresas, cada uma delas trazendo algo à mesa para, juntas, criarem soluções efetivamente transformadoras”, prevê.
Numa rápida e recente pesquisa, Mejlachowicz e seu time perceberam que a maior parte das empresas ainda não dimensionou o impacto real da pandemia em seus orçamentos e planos de treinamento. Ainda assim, ele acredita que os investimentos em soluções online serão cada vez maiores e essenciais no novo cenário.
No plano da educação formal, ele destaca sua experiência – também marcada por edtechs – de pai de duas crianças, de oito e seis anos, atualmente em estudos residenciais por causa da quarentena. “Percebo que começamos a acertar quando as crianças aprendem a aprender online, e os professores estão menos preocupados em gerar conteúdo sem parar, dedicados a criar desafios que as crianças possam resolver por si mesmas”, opina. “Daqui para a frente veremos cada vez mais experiências bem-sucedidas de educação baseadas em desafios, que permitam aos alunos viver suas próprias experiências e aprender cada um do seu jeito”. Quando o mundo “ressuscitar”, as edtechs certamente ajudarão a recomeçar, em bases bem distintas.
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