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‘Melhor professor do mundo’ é indiano e divide prêmio com finalistas

Com a presença do educador em vilarejo indiano, casamentos entre adolescentes deixaram de ser comuns e frequência escolar chegou a 100%. Brasileira ficou entre os dez finalistas de premiação considerada o Nobel da Educação

Publicado em 04/12/2020

por Redação revista Educação

O indiano Ranjitsinh Disale ganhou o Global Teacher Prize 2020, prêmio considerado o Nobel da Educação e faturou US$1 milhão. Ele é professor na escola primária Zilla Parishad, no vilarejo de Paritewadi, estado de Maharashtra, no oeste da Índia. Disale, que foi selecionado entre mais de 12.000 nomeações e inscrições de mais de 140 países na premiação organizada pela Varkey Foundation e UNESCO, ao receber o anunciou de sua vitória, afirmou que dividirá metade do valor recebido com os nove educadores finalistas.

Uma brasileira esteve entre os dez finalistas deste ano, a professora de educação especial e língua portuguesa Doani Emanuela Bertan, da escola pública municipal Julio de Mesquita Filho, Campinas, SP. Bertan achou a atitude do indiano de dividir parte do prêmio com os demais colegas um exemplo de “pessoa exemplar e altruísta.”

Saiba mais sobre o projeto da professora brasileira finalista

indiano melhor professor do mundo

Antes da chegada de Ranjitsinh Disale, a presença escolar não passava de 2% (foto: reprodução Facebook)

O impacto da atuação do professor

Quando Ranjitsinh Disale chegou à escola Zilla Parishad, em 2009, a instituição era um prédio dilapidado, espremido entre um estábulo de gado e um depósito. A maioria das meninas vinha de comunidades tribais, onde a frequência escolar às vezes chegava a 2% e o casamento na adolescência era comum. Para aqueles que conseguiram ir à escola, o currículo não estava em sua língua primária (kannada), deixando muitos alunos incapacitados de aprender.

Disale estava determinado a mudar essa situação, mudando-se para a aldeia e fazendo grandes esforços para aprender a língua local. O professor, então, não apenas traduziu os livros didáticos da classe para a língua materna de seus alunos, mas também incorporou QR codes exclusivos para dar aos alunos acesso a poemas em áudio, aulas em vídeo, histórias e tarefas. Crucialmente, ao analisar suas reflexões, Ranjitsinh Disale mudaria o conteúdo, as atividades e as atribuições dos livros didáticos disponibilizados via QR code para criar uma experiência de aprendizagem personalizada para cada aluno.

Além disso, ele atualizou os livros didáticos com QR codes com leitor imersivo e ferramentas Flipgrid para ajudar meninas com necessidades especiais.

Leia: Diário de uma professora: como o afeto é a única forma de não enlouquecer

O impacto das intervenções do professor foi extraordinário: já não há casamentos de adolescentes na aldeia e há 100% de frequência de meninas na escola. A instituição também foi premiada recentemente como a melhor do distrito, com 85% de seus alunos obtendo notas máxima em exames anuais. Uma garota da aldeia se formou na universidade, algo visto como um sonho impossível antes da chegada de Ranjitsinh Disale.

Disale então criou nada menos do que uma revolução no uso de livros didáticos com QR codes em toda a Índia. Sua escola foi a primeira no estado de Maharashtra a apresentá-los e, depois de enviar uma proposta e um esquema piloto bem-sucedido, o governo  anunciou em 2017 que eles introduziriam livros didáticos em QR codes em todo o estado para todas as séries de 1 a 12. Após o sucesso dessa empreitada, o Ministério Indiano de HRD (Desenvolvimento de Recursos Humanos) pediu ao NCERT (Conselho Nacional de Pesquisa e Treinamento em Educação) para estudar o impacto dos livros didáticos com QR codes e como isso poderia ser ampliado nacionalmente.

Em 2018, o Ministro de HRD Prakash Javdekar anunciou que todos os livros didáticos NCERT teriam QR codes incorporados. Além da sala de aula, Ranjitsinh Disale ajuda seus alunos a aplicar o que aprenderam para resolver os problemas do mundo real que estão enfrentando. Com sua escola em um distrito de Maharashtra propenso à seca, sua instituição escolar abordou com sucesso a questão da desertificação, aumentando a área verde de 25% para 33% nos últimos dez anos. Ao todo, 250 hectares de terra ao redor de sua aldeia foram salvos da desertificação, dando à sua escola o prêmio ‘Wipro Nature for Society’ em 2018.

Leia: Os estágios curriculares obrigatórios: aprender a ser professor é responsabilidade de todos

Durante a cerimônia

Por conta da pandemia, o evento aconteceu de forma online. Ao ganhar o Global Teacher Prize, o indiano disse: “os professores são os verdadeiros agentes de mudança que estão transformando a vida de seus alunos com uma mistura de giz e desafios. Eles sempre acreditam em dar e compartilhar. E, portanto, tenho o prazer de anunciar que compartilharei 50% do prêmio em dinheiro igualmente entre meus outros colegas finalistas para apoiar seus incríveis trabalhos. Acredito que, juntos, podemos mudar esse mundo, porque compartilhar é crescer.”

Confira o exato momento do anúncio, feito pelo comediante, ator, escritor e apresentador Stephen Fry:

Já Stefania Giannini, diretora-geral adjunta da UNESCO, destacou a relevância dos educadores para o planeta. “Professores como Ranjitsinh vão deter as mudanças climáticas e construir sociedades mais pacíficas e justas. Professores como Ranjitsinh vão eliminar as desigualdades e impulsionar o crescimento econômico. Professores como Ranjitsinh vão salvar nosso futuro. Muito obrigada.”

Na cerimônia deste ano, a Varkey Foundation anunciou ainda o lançamento do Chegg.org Global Student Prize, um prêmio de US$ 50.000 que abrirá inscrições e indicações no próximo ano. A iniciativa criará uma nova plataforma para destacar os esforços de estudantes extraordinários em todo o mundo que estão causando um impacto real na aprendizagem, na vida de seus colegas e na sociedade em geral.

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Autor

Redação revista Educação


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