NOTÍCIA
Assim como fazia o educador, é muito importante que passemos a pensar o aprendizado também de forma coletiva
Publicado em 23/03/2021
Paulo Freire era um cultivador de diferentes linguagens. Em setembro deste ano completaria 100 anos. Seu pensamento era ao mesmo tempo anárquico e estruturado. Para ele o domínio da linguagem era fundado nas múltiplas interações de um grupo. A partir da espontaneidade vai se construindo a forma.
A filosofia freiriana vai muito além do que o domínio do código. Mais importante é produzir afeto, pensamento e visão crítica da realidade. Um dos aspectos interessantes do pensamento freiriano é a capacidade de induzir o aprendizado dentro de um arranjo coletivo.
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É muito importante que passemos a pensar o aprendizado também de forma coletiva, uma vez que salientar apenas o aprendiz pode trazer componentes individualistas para o processo do conhecimento. Dessa forma, há que se fazer uma crítica ao alfabeto fonético, pois induz as pessoas a pensarem de uma maneira muito linear. Esse tipo de pensamento, que começou na modernidade e avançou no iluminismo, trouxe avanços no mundo da educação, ciência e do trabalho, o que foi importante para toda a sociedade e deve ser um dos elementos do mundo contemporâneo.
No entanto, as mudanças que ocorreram na sociedade do século 20, e se impõem no século 21, exigem que estejamos mais atentos às possibilidades do acaso para a resolução de problemas que não estávamos preparados para equacionar. Afeto, intuição e acaso exigem cada vez mais criatividade, que associadas aos elementos intrínsecos do iluminismo, trazem mais eficiência na resolução dos problemas.
A proposta é vivermos mais próximo de um modelo tribal, mais espontâneo, no qual a oralidade é o centro da comunicação.
Assim, a partir da fala podem surgir soluções elaboradas em códigos de diferentes linguagens, mais apropriadas ao mundo de constantes mudanças. Um mundo volátil no qual sem a criatividade é muito difícil resolver problemas.
As escolas contemporâneas devem buscar alternativas que extrapolem o modelo de vestibulares que só valorizam os jovens que entram nas boas universidades para passar colocar problemas reais que formem jovens capazes de enfrentar os desafios do século 21 e que Paulo Freire viu tão bem já nos anos 60.
Lauro de Oliveira Lima e as comunidades de aprendizagem, por José Pacheco
Educação: tradição e ruptura num mesmo lugar
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