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Educação e inclusão durante e pós-pandemia

As dificuldades para a construção de uma educação mais justa e igualitária são muitas, mas essa vontade e ação rumo à mudança precisam permanecer. Neste artigo, Ricardo Tavares resume o momento atual e traça caminhos para um futuro já próximo

Publicado em 26/05/2021

por Ricardo Tavares

Há 15 meses, cerca de 48 milhões de estudantes deixaram de frequentar as atividades presenciais nas mais de 180 mil escolas de ensino básico espalhadas pelo Brasil – segundo dados do último Censo Escolar divulgado pelo Inep (2019) – como forma de prevenção à propagação do coronavírus. Na rede estadual de educação de São Paulo, a maior do país, essa nova realidade impacta diretamente cerca de 3,8 milhões de estudantes e 200 mil educadores e educadoras.

O governo do estado paulista anunciou a conclusão da vacinação dos professores até o final de julho, o que pode abrir uma nova perspectiva da volta às aulas presenciais a partir do segundo semestre. Sim, a palavra aqui é perspectiva, pois muitas das variáveis para controlar a propagação do vírus ainda estão fora do controle.

Leia: A educação orientada por dados

Com escolas fechadas ou parcialmente abertas desde fevereiro, a necessidade de adaptação, não somente a um novo estilo de vida frente à necessidade do afastamento social, mas também a ensinar (e aprender) dentro de um novo modelo de educação mediada por tecnologia não ocorre da mesma maneira dada a desigualdade social do nosso país. Os desafios são muitos.

As explicadoras

Interessante reportagem do jornal O Globo mostra o aumento da demanda por professores particulares, no Rio de Janeiro, por parte de famílias que viram perda ou atraso no processo de aprendizagem com o fechamento das escolas. E engana-se quem acha que o movimento só se ateve às classes média e alta. Nas comunidades cariocas, muitas explicadoras (o nome que as professoras particulares ganham nesses locais), antes contratadas apenas para fazer o apoio escolar, acabaram transformando suas casas em salas de aula improvisadas para acompanhar as crianças em tempo integral.

Um dos relatos trazidos pela reportagem é o de Verônica Soares Ferreira, formada em pedagogia e que dá aulas na comunidade Santa Marta, em Botafogo, desde 2016. Atualmente, ela auxilia 96 crianças da favela e algumas do Morro Tabajaras, em Copacabana. Como muitos não têm internet em casa, é ela quem acaba oferecendo o sinal aos alunos, além do próprio notebook, para que possam assistir às aulas.

Também podemos e devemos agir

Educar é incluir e a escola exerce um papel primordial nesse processo. No entanto, no momento em que ela é fechada se descortina uma série de desigualdades e a realidade de exclusão a que muitas famílias estão expostas. Uma mudança nesse cenário depende não somente da busca por novos formatos tecnológicos, mas de investimentos públicos em equipamentos, além de intensa e competente formação de professores e outros profissionais da educação.

Leia: PNE: educação brasileira evolui lentamente

Novos e melhorados modelos híbridos de ensino (presencial + remoto) deverão ser capazes de proporcionar o melhor dos dois mundos para educadores e estudantes e, uma vez implantados de forma definitiva, colaborarão diretamente na transição para novas metodologias de ensino, mais remotas, em tempos de crise ou não.

educação pandemia

Tavares sabe que há muita tarefa a ser cumprida e destaca algumas delas

Pesquisa, prototipação e testagem de novos modelos e estratégias educacionais de forma participativa, colaborativa e contextualizada, apoiadas por políticas públicas, subsídios, capacitação profissional e garantia de acesso igualitário aos estudantes, são caminhos que se mostram fundamentais para o presente e para o futuro da educação e que emergem de forma ainda mais incisiva, impulsionados pela pandemia da covid-19.

A pergunta que fica é: como posso, em meu espaço de atuação, contribuir para essa evolução?

*Ricardo Tavares é diretor-geral da FTD Educação.

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Autor

Ricardo Tavares


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