NOTÍCIA
As competências socioemocionais são uma das chaves para apoiar os alunos nas questões de saúde mental. Essa é uma das defesas do Instituto Ayrton Senna, o qual se debruça sobre a importância dessas competências antes mesmo da aprovação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). […]
Publicado em 18/08/2022
As competências socioemocionais são uma das chaves para apoiar os alunos nas questões de saúde mental. Essa é uma das defesas do Instituto Ayrton Senna, o qual se debruça sobre a importância dessas competências antes mesmo da aprovação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ana Carla Crispim, gerente de projetos no Instituto Ayrton Senna trouxe esse olhar para o painel A urgência da saúde mental nas escolas, que aconteceu ontem, 17, na programação do Grande Encontro da Educação, de forma presencial, no Inteli, SP. O evento é realizado pela revista Educação e revista Ensino Superior.
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de SP, em que foram avaliados alunos do 5º ano, 9º ano e 3º ano do ensino médio: 18% apresentaram perda de sono por preocupações, 33% dificuldade moderada de concentração, 11% tristeza e depressão, e 14% perda de autoconfiança.
“Começamos a pensar nas competências que os estudantes podiam desenvolver – claro, colocando isso dentro do contexto da escola e sempre conversando com a gestão de como isso se alinha com as estratégias que estão pensando. A partir disso damos esse apoio, não como instituto, mas elaborando junto com as escolas estratégias que poderiam chegar até os estudantes que estavam pedindo essa ajuda”, explicou Ana a respeito de uma das saídas para reverter esse cenário de saúde mental enfraquecida nos jovens.
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Segundo Ana, um dos principais caminhos para conseguir pensar nessas estratégias é o acolhimento e iniciativas intersetoriais.
Ana também trouxe a informação de que a autogestão e a amabilidade foram as macrocompetências mais prejudicadas quando o instituto fez um mapeamento socioemocional com estudantes entre 2019 e 2021. Daí a importância de as escolas abraçarem uma educação integral e se atentarem para esses aspectos durante o desenvolvimento dos estudantes.
Marcio Vera Mirim, cacique Guarani Nhandeva da aldeia Yvy Porã da Terra Indígena Jaraguá, SP, também participou do painel. Ele destacou que se antes a maioria dos povos indígenas buscava fugir da cidade, atualmente já não se tem para onde correr. O sistema capitalista está engolindo tudo. Contudo, as terras indígenas continuam sendo espaços de resistência.
“Hoje, vejo os nossos jovens indígenas mais tristes por verem tanta violência, tanta intolerância e falta de respeito. A discriminação atinge o espírito do nosso povo. A palavra é sagrada, tudo aquilo que vem do ser é sagrado, por isso que nós cantamos – a nossa voz é a força, a voz cura. Nossos velhos com as palavras curam as doenças. É a força da voz”, sensibilizou Marcio.
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O cacique compartilhou um projeto que a aldeia tem realizado de turismo comunitário para que os não indígenas conheçam a realidade deles de perto e assim combaterem a discriminação.
“Na minha tekoa [aldeia] fizemos um plano de turismo de base comunitária onde recebemos escolas e faculdades para ter essa conversa, para as pessoas conhecerem nosso território e olhar pela nossa visão. Não interessa mais ver nos livros o que é indígena, se pelado ou não, esquece isso. A gente aprendeu a falar o português para se comunicar e interagir, mostrar tudo que a gente aprendeu com os mais velhos e compartilhar isso também. Nós temos conhecimento na área medicinal, na educação, na área ambiental, e estamos aqui para colaborar”, afirmou Marcio Vera Mirim.
O aluno é mais que um diagnóstico e ter um programa de acolhimento para ouvir esses estudantes e também educadores é uma ferramenta fundamental no âmbito escolar. Quem fez esta pontuação durante o painel foi a neuropsicóloga Leonice dos Santos Fonseca.
“Uma coisa importante nessa urgência da saúde mental na escola e fundante para o ser humano – na vida profissional, relacional, em tudo – é que talvez não baste receber essas pessoas como pacientes em uma clínica, mas irmos além, dando um maior suporte para os professores e coordenadores, para podermos identificar com mais facilidade essas questões. Isso é urgente”, orientou Leonice.
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