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Ensino Superior

Como crescer na crise

JORNADAS | Edição 207 Evento mostra estratégias para reverter as dificuldades trazidas pelo momento difícil do país; financiamento e tecnologia são destaques por Eliane Silva Inovação na sala de aula, investimento em cursos tecnológicos e modernização dos processos de captação e retenção de alunos. Essas […]

Publicado em 28/03/2016

por Redação Ensino Superior

JORNADAS | Edição 207
Evento mostra estratégias para reverter as dificuldades trazidas pelo momento difícil do país; financiamento e tecnologia são destaques
por Eliane Silva

Divulgação

Gestores participam da Jornada Regional em Ribeirão Preto


Inovação na sala de aula, investimento em cursos tecnológicos e modernização dos processos de captação e retenção de alunos. Essas foram as receitas prescritas por especialistas em educação aos gestores de instituições de ensino superior privadas que participaram em fevereiro da abertura da 12ª edição da Jornada Regional do Semesp, em Ribeirão Preto (SP).
A previsão do Semesp é que os reflexos da crise do Fies, que derrubou pela metade o número de matrículas em 2015, ainda sejam sentidos neste ano. Mas o setor já está ajustado para uma menor dependência do financiamento federal. Em 2009, apenas 2% dos ingressantes contavam com o benefício, percentual que passou para 6% em 2010 e, quatro anos depois, já representava 39%. No ano passado, com a mudança das regras do financiamento, apenas 20% dos estudantes ingressaram no ensino superior com a ajuda do Fundo Estudantil. Para este ano, a previsão é de 21%.
“Temos um ano difícil pela frente. Todo o setor está enfrentando queda de ingressantes e de rematrículas. Temos de elevar nossa dose de criatividade para manter e atender bem o aluno que faz sacrifícios para estudar em uma instituição privada”, disse o presidente do Semesp, Hermes Ferreira Figueiredo.
Rodrigo Capelato, diretor-executivo do sindicato, afirmou que as IES privadas estão preparadas para atender menos alunos, com redução de turmas e corpo docente mais enxuto. “Esperamos em 2016 uma repetição do nível de matrículas de 2015. Se houver uma queda, ela será pequena, inferior a 5%.”
O recado dado aos gestores durante a 12ª Jornada em Ribeirão é: ajuste não pode ser sinônimo de paralisia. Ao contrário, o setor precisa se reinventar para voltar a crescer com sustentabilidade. Um dos grandes desafios, segundo Capelato, é atrair e manter os alunos da classe C, que foram os mais atingidos pelas restrições do Fies e compõem 80% dos atendidos pelas IES privadas. “Sem o Fies, não temos produtos para a classe C”, revelou o executivo, baseando-se em pesquisa encomendada pelo Semesp que aponta uma rejeição aos cursos de ensino a distância (EAD) por parte de 85% dos jovens desse segmento social.
O Semesp avalia que a oportunidade nascida nessa crise passa, obrigatoriamente, pela valorização e investimento em cursos de formação de tecnólogos. “Nos países desenvolvidos, a grande inclusão se dá nos cursos tecnológicos. Na Alemanha, 70% dos estudantes não fazem bacharelado. Eles optam por um curso técnico de ensino superior e têm emprego garantido”, disse Capelato.
Na contramão dos países desenvolvidos, o total de matrículas em cursos tecnológicos no Brasil caiu 3% em 2014, em relação ao ano anterior.
Para o diretor-executivo, as IES privadas precisam voltar a oferecer esses cursos e mostrar aos jovens que uma boa formação tecnológica garante uma alta empregabilidade, já que o foco são áreas específicas das empresas. “Além da garantia de emprego, como são mais curtos, portanto, com custo total menor para os alunos, esses cursos são adequados ao jovem da classe C.” O setor precisa também trabalhar para apagar a imagem ruim que o Pronatec, programa do governo federal de ensino técnico, deixou para a graduação tecnológica.
O EAD não é uma opção para a maioria dos jovens, mas registra crescimento anual no número de matrículas, especialmente na faixa etária de 25 a 39 anos. No final de 2015, foi aprovado o novo marco regulatório do EAD, o que deve levar mais instituições a investir em cursos a distância. Ainda concentrada em poucos grupos, a oferta deve ganhar mais qualidade à medida que aumente.
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Inovação
“A escola precisa avançar mais rápido. Nosso aluno já nasce conectado e nem todos os professores têm essa habilidade. Daí a necessidade de aprender novas tecnologias para ensinar.” A afirmação é da pesquisadora Ana Valéria Dias, especialista convidada para a Jornada de Ribeirão que trabalha no Centro Universitário Salesiano de Lorena, instituição que aplica em sala de aula várias tecnologias importadas do exterior.
Peer instruction (instrução por pares), sala invertida, plataforma adaptativa, ensino por rotações e outras técnicas inovadoras têm sido testadas no Salesiano desde 2012. “Temos de desafiar e motivar os nossos alunos para que se sintam parte do processo de aprendizagem e construção do conhecimento. Mas antes temos de saber como usar as novas tecnologias e adaptá-las em cada área do conhecimento.”
No peer instruction, por exemplo, o aluno precisa estudar a matéria em casa para aplicar o aprendizado em sala de aula. Com o uso de um cliker (aparelho que registra respostas), o estudante resolve problemas colocados pelo professor e discute em grupos as soluções propostas. A técnica permite maior interatividade em sala de aula e melhor fixação do conteúdo.
Dispor as cadeiras da sala de aula de uma forma diferente, misturar uso de tecnologia com métodos não digitais, integrar todos os alunos em uma rede wi-fi restrita à sala, usar aplicativos, jogos e integrar disciplinas são outras formas de fazer aulas diferentes, e garantir a efetividade da aprendizagem.
A avaliação também precisa mudar, transformando-se em processo contínuo. Uma plataforma adaptada para o curso de direito está sendo desenvolvida pelo grupo de pesquisa do Salesiano para avaliar o aprendizado do aluno. Por meio dessa ferramenta digital, os professores vão poder acompanhar o progresso de seus alunos, verificando, por exemplo, quantas vezes acessaram os exercícios, o tempo de resposta, a mudança de fases etc.
Os professores do Salesiano são convidados a participar de cursos antes do horário das aulas para aprender a usar as metodologias ativas. “Temos inclusive três professores de matérias diferentes que sempre dão aulas juntos. E a resposta dos alunos compensa o tempo e o esforço gasto na preparação das aulas”, diz Ana Valéria.
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Captação e retenção
Marketing e tecnologia também podem ajudar muito a melhorar a captação e retenção de alunos nas IES privadas. Wilson Diniz, diretor de marketing do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional, apresentou as quatro fases do marketing aplicado à educação. A primeira (1981 a 1990) tinha foco na assessoria de imprensa. A segunda (1991 a 2004) priorizou a propaganda. A terceira (2004 a 2012) colocou força no digital. De 2013 a 2016, o foco é captação, retenção e fidelização. “O marketing tradicional já não funciona como antes. Com a internet, estratégias antigas de anúncios de massa ficaram lentas e caras.”
A gestão moderna de captação implica entender o momento do público-alvo para definir como abordá-lo de forma mais eficiente. “O foco tem de ser o relacionamento para oferecer a coisa certa, do jeito certo e na hora certa”, diz Diniz.
Caio Simi, diretor-executivo do Num.br, mostrou que o uso da tecnologia de Big Data elimina a necessidade de “dar tiros de canhões” para todos os lados, focando o “sniper” (atirador) para atingir quem realmente interessa à instituição. Com uma análise da quantidade imensa de dados que as pessoas produzem involuntariamente por dia, o Big Data, com seus 5 Vs (volume, velocidade, variedade, veracidade e valor), pode impactar muito as decisões da instituição para captação direta e manutenção de alunos.
Para exemplificar, Simi fez um levantamento do perfil dos jovens que acessaram as mídias sociais em 2015, na região de Ribeirão Preto. Mais de 72 mil alunos entraram nas redes sociais para criticar as IES. Trinta e nove por cento comentaram sobre a demora no atendimento das instituições, 19% criticaram o curso que fazem, 11% reclamaram da plataforma de cadastro e reembolso no Fies, 9% criticaram a demora para efetuar a matrícula e 8% relataram dificuldades no contato com a IES. “Cada vez mais, é preciso aprofundar a análise do que esses jovens realmente necessitam, o que procuram e o que desejam”, diz Simi.
As dicas e análises dos especialistas agradaram aos gestores. André Serotini, da Unicep de Araraquara, por exemplo, disse que participa há quatro anos das Jornadas. “Os temas são sempre muito relevantes, atuais e a troca de informações nesses encontros é intensa.”
Nos próximos meses, as Jornadas Regionais do Semesp serão realizadas em Santos, Bauru, São José dos Campos, Campinas e São José do Rio Preto.

MISSÃO TÉCNICA: Inspiração coreana
Um dos países que mais valorizam a educação, Coreia do Sul será o próximo destino dos gestores brasileiros
Depois da bem-sucedida missão técnica realizada na Alemanha, em 2015, o Semesp levará os gestores brasileiros para a Coreia do Sul neste ano. O programa propiciará aos participantes uma imersão no sistema de ensino coreano, considerado um dos mais rigorosos e eficientes do mundo. A visita será feita entre 5 e 15 de maio e será composta por palestras e seminários na Korea University, Sungkyunkwan University (abaixo) e Wolgye High School. “As palestras e seminários serão imersivos, contando com carga horária intensa, de forma que os gestores possam absorver ao máximo o conteúdo e a experiência da gestão dessas grandes instituições de escala global”, diz Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp. O grupo também terá a oportunidade de conhecer a futurística cidade de Sogdo, projetada para melhorar a mobilidade da população local a partir do uso de sistemas inteligentes capazes de monitorar todas as atividades urbanas.Assim como o Japão e a Alemanha, a Coreia do Sul também é um exemplo de economia que conseguiu se reerguer em um espaço de tempo relativamente curto. A independência do Japão só foi conquistada em 1945 e até 1960 o PIB per capita do país era comparável ao das nações mais pobres da África e da Ásia. Depois de sucessivas reformas econômicas e pesados investimentos na produção interna de bens de consumo e em exportação, a Coreia entrou para a lista dos países mais ricos do mundo.
A educação também se tornou uma prioridade para o país, que hoje figura entre os que mais valorizam a escolaridade de seus cidadãos. Na educação básica, seus alunos estão no topo do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Cerca de 95% dos jovens que concluem o ensino médio vão para o ensino superior e a disputa por uma vaga em uma instituição de ponta é tão acirrada que se transformou em um dos acontecimentos mais importantes na vida dos coreanos.
8ª Missão Técnica Semesp
Data: de 5 a 15 de maio | Para consultar a programação completa, acesse www.semesp.org.br. | Reserva: contato@trusttravel.com.br F: 11 2122-4245 ou 9 9955-9412 | Vagas limitadas.
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Redação Ensino Superior


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